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Ex-assessor de Flávio Bolsonaro movimentou 7 milhões de reais em 3 anos

Escolhido para ocupar Terceira Secretaria na Casa, senador dobrará verba disponível para empregar sem concurso. (Foto: Reprodução de TV)

O agravamento da crise envolvendo o filho primogênito de Jair Bolsonaro vem incomodando o núcleo militar mais próximo ao presidente. Entre esses militares, a expectativa é por uma explicação convincente por parte do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), suspeito de recebimentos irregulares em conta bancária.

Enquanto as explicações não aparecem, o Palácio do Planalto estabeleceu uma ordem de silêncio, numa tentativa de blindar Bolsonaro pai. O silêncio se estende ao Ministério da Justiça: Sérgio Moro submergiu e não comenta as suspeitas que recaem sobre Flávio e o ex-assessor e ex-motorista Fabrício Queiroz.

A escalada da crise ganhou novos elementos ao longo da semana, desde a iniciativa de Flávio de judicializar a questão no STF (Supremo Tribunal Federal). Primeiro, o ministro do STF Luiz Fux, em plantão e atendendo a pedido do senador eleito, decidiu suspender a investigação tocada pelo MP (Ministério Público) do Rio de Janeiro.

A decisão final sobre a instância onde o inquérito tramitará caberá ao ministro Marco Aurélio, relator da reclamação movida pela defesa de Flávio. Ele já indicou que deve decidir no sentido de o procedimento continuar com o MP local.

Depois, o “Jornal Nacional”, da TV Globo, revelou trechos de um novo relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), com apontamentos sobre movimentações suspeitas em conta bancária de Flávio Bolsonaro. Conforme o relatório, 48 depósitos em espécie foram feitos na conta entre junho e julho de 2017, somando R$ 96 mil. Os depósitos se concentraram num terminal de autoatendimento da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). Em um dos dias analisados, por exemplo, foram feitos dez depósitos de R$ 2 mil cada num intervalo de cinco minutos. Os registros da movimentação suspeita podem apontar para a prática em que parlamentares retêm parte dos salários de seus assessores.

Ex-assessor e motorista movimentou R$ 7 milhões em três anos

Neste domingo (20), o jornal O Globo mostrou a extensão das transações de Queiroz em três anos. O ex-assessor e ex-motorista movimentou R$ 7 milhões no período, conforme registros do Coaf. Até então, o que se sabia era que Queiroz havia movimentado R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Na movimentação, R$ 24 mil em cheques foram depositados na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro. O depósito foi o pagamento por um empréstimo a Queiroz, segundo o presidente Bolsonaro.

Até agora, Flávio não deu explicação para a movimentação de R$ 1,2 milhão; para a movimentação de R$ 7 milhões em três anos; e nem para os depósitos fracionados em sua conta bancária, somando R$ 96 mil em um mês.

Silêncio

Neste domingo, o general mais próximo a Bolsonaro, o ministro Augusto Heleno, do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), disse que não vai se “meter nesse negócio”, em relação às revelações já feitas no caso envolvendo Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz: “Isso não é um problema meu. Eu não vou me meter nisso, não falo sobre isso. Não vou me meter nesse negócio”.

O ministro Sérgio Moro também foi procurado pela reportagem para comentar suas impressões sobre o caso: “Sem comentários”, limitou-se a dizer diante das perguntas feitas.

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