O Ministério Público do Trabalho constatou que o número de denúncias de assédio eleitoral no ambiente de trabalho é crescente e a maneira de agir dos que cometem esse tipo de crime mudou das eleições de 2022 para cá. O procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira, disse que a abordagem dos assediadores, atualmente, é feita de maneira “velada”, ao contrário do que ocorria em 2022.
“Naquele ano, eles estavam tão confiantes, ou tão fora da realidade, que faziam o assédio e divulgavam em redes sociais. Era uma prova contra eles mesmos. Agora, o ato deixou de ser tão explícito, porque o assediador é covarde.” No dia do primeiro turno das eleições de 2022 havia 68 denúncias. Hoje, a três semanas da disputa, são quase 300.
Diferentes táticas
O MPT verificou que na campanha nacional, em 2022, o assédio era para incitar funcionários a votar em determinado candidato a presidente da República. Já na eleição municipal muitas vezes os trabalhadores podem ser forçados a votar em um “amigo do chefe”.
Até sexta-feira (13) a Bahia era o Estado que concentrava o maior número de denúncias de assédio eleitoral. Na sequência apareciam São Paulo, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio e Goiás. O Amapá era o único que não registrava nenhuma denúncia do tipo.
Aplicativo
O assédio eleitoral é crime e, desde 2022, o número de denúncias só tem crescido. Para evitar que um trabalhador ou servidor público sofra a pressão direta ou indireta dos patrões ou dos chefes imediatos para votar em determinado candidato, as centrais sindicais lançaram, no dia 3 de setembro um aplicativo onde é possível que o trabalhador denuncie essa prática antidemocrática.
Paulo Oliveira, secretário de Organização e Mobilização da CSB, explicou que os trabalhadores não vão precisar baixar o app. Os sites das centrais e o MPT vão colocar em suas páginas o QR Code onde o trabalhador, com seu celular, poderá acessar o canal e denunciar se estiver sendo vítima de assédio eleitoral no ambiente de trabalho.