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Número de funcionários públicos cresce 11 mil desde 2009, e gasto com a folha dobra em cinco anos

A Embrapa foi condenada a pagar horas extras a um funcionário que ficava boa parte do dia exposto ao sol forte em campo, sem intervalos. (Foto: Reprodução)

As 18 estatais que dependem de recursos da União têm 47,3 mil funcionários, e dobraram os gastos com a folha de pagamentos em cinco anos. Juntas, receberam 15 bilhões de reais do Tesouro em 2014, mas destinaram apenas 28% do valor a investimentos. O grupo inclui desde a Embrapa, referência em pesquisa agropecuária, até a EPL (Empresa de Planejamento Logístico), criada para projetar o trem-bala, que não saiu do papel.

Há nomes pouco conhecidos, como Amazul e Imbel. Outros que, à primeira vista, poderão remeter a um passado distante, como a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos). Mas o fato é que, nos anos que antecederam a atual crise econômica do País, um grupo de 18 estatais, classificadas como dependentes do Tesouro, inchou os quadros de pessoal às custas do governo, sem que o volume de aplicações crescesse no mesmo ritmo.

Dados levantados pelo Dest (Departamento de Coordenação e Governança de Empresas Estatais) mostraram que as companhias saíram de um total de 36,4 mil funcionários, em 2009, para 47,4 mil, em 2013, um aumento de 30%, ou quase 11 mil contratações. Os números se completaram com as informações do Orçamento, revelando que, de 2009 a 2014, os recursos destinados ao pagamento da folha das estatais saltaram de 3,5 bilhões de reais para 7,3 bilhões de reais em 2016.

Enquanto os recursos dobraram, os investimentos das companhias tiveram crescimento modesto, de 47,2%. Os montantes aplicados somaram 4,3 bilhões de reais e representaram menos de um terço, ou 28,5%, do Orçamento da União com tais empresas, que foi de 15,1 bilhões de reais. O papel das estatais é posto em xeque na hora que o Brasil perdeu o grau de investimento de uma das principais agências de classificação de risco, a Standard & Poors, neste mês, por não conseguir cortar gastos públicos, e o País corre o risco de ter o terceiro déficit fiscal seguido em 2016.

O Dest, que avalia o quantitativo máximo de contratação das estatais, argumentou que o aumento de pessoal foi necessário à substituição de terceirizados e para a ampliação do atendimento às populações em áreas como mobilidade urbana e saúde.

O País tem 143 estatais, segundo o Dest. A maioria faz parte da Petrobras ou Eletrobras. Há as independentes do SPE (Setor Produtivo Estatal): são 33 companhias não financeiras, nas quais o governo sempre é acionista majoritário ou mesmo único. São exemplos a Telebras e as companhias Docas de vários Estados. (AG)

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