Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2022
Aedes aegypti, o mosquito transmissor da doença, precisa de água parada para se reproduzir, por isso, a necessidade de se evitar criadouros.
Foto: ReproduçãoCom a confirmação de mais uma morte por dengue, o Rio Grande do Sul chegou nesta semana a 13 casos fatais da doença em 2022, volume recorde entre os gaúchos desde os primeiros monitoramentos, em 2000. E o número de contágios confirmados desde janeiro chega a 16.760, dos quais 13.884 (quase 83%) ocorreram dentro do próprio Estado.
Para se ter uma ideia do avanço dos óbitos, ao longo de todo o ano passado o Rio Grande do Sul teve 11 vidas perdidas para a doença, transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Em 2020, foram seis. E e ainda faltam praticamente oito meses para o fim de 2022.
O óbito mais recente foi registrado no município de Rondinha (Região Noroeste). Já os falecimentos anteriores ocorreram em Horizontina (duas ocorrências), Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul, Cachoeira do Sul, Lajeado, Chapada, Cristal do Sul, Igrejinha, Dois Irmãos, Boa Vista do Buricá e Jaboticaba.
A fim de conter a expansão dos casos e desfechos fatais de dengue, na última semana de abril a Secretaria Estadual da Saúde (SES) decretou alerta máximo contra a doença em todo o Rio Grande do Sul. Dentre as diretrizes da medida está a intensificação de ações preventivas, sobretudo no que diz respeito a locais de água parada, ambiente propício à reprodução do inseto-vetor.
Até o momento, a SES já considerou 443 dos 497 municípios gaúchos como infestados pelo Aedes aegypti, índice que representa 89,1% – o maior da série histórica iniciada há 22 anos. A lista é atualizada diariamente no Painel de Arboviroses do governo gaúcho, acessível em iede.rs.gov.br.
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Dentre os sintomas compatíveis com a dengue estão febre com duração de até sete dias, acompanhada de ao menos dois dos seguintes sintomas: manchas vermelhas no corpo, dor de cabeça, no corpo e nas articulações (bem como atrás dos olhos), náuseas, vômitos, leucopenia (leucócitos abaixo do limite inferior normal) e vermelhidão ocular.
Trata-se de doença viral com amplo espectro clínico: enquanto a maioria dos pacientes se recupera após evolução leve e autolimitada, uma pequena parte progride para quadro grave.
A ocorrência e disseminação se dá especialmente nos países tropicais e subtropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti e Aedes albopictus (responsável pela febre-amarela).
Nos últimos 50 anos, a incidência aumentou 30 vezes com aumento da expansão geográfica para novos países e, na presente década, para pequenas cidades e áreas rurais. É estimado que 50 milhões de casos de infecção por dengue ocorram anualmente e que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas vivem em países onde a doença é endêmica.
Há referências de epidemias de dengue desde o século de 1800 no Brasil, como relatos de São Paulo em 1916 e do Rio de Janeiro em 1923, embora sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia documentada cientificamente ocorreu em 1981-1982 na cidade de Boa Vista, capital de Roraima.
A situação se repetiu em 1986-1987, atingindo novamente o Rio de Janeiro e, dessa vez, algumas capitais da Região Nordeste. Desde então, a doença vem ocorrendo no Brasil de forma continuada, com ou sem epidemias. Trata-se, hoje, de um dos maiores desafios de saúde pública no País.
(Marcello Campos)
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