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Política Eleições 2024: Número de prefeituras da esquerda despenca em 12 anos e dilemas do discurso desafiam os partidos

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O Lula é muito maior que a esquerda. Na eleição de São Paulo, isso fica claro com o percentual de transferência de votos dele para o Guilherme Boulos. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O PT voltou à Presidência da República com a vitória de 2022, mas o número de prefeituras conquistadas agora pelo partido está longe de alcançar o que foi no passado, e as demais siglas de esquerda também viram a capilaridade nos municípios reduzir ao longo dos anos.

De 2012 para cá, o volume de cidades comandadas no País pelas principais legendas do campo caiu pela metade — resultado que suscita o debate sobre valores do eleitorado e os dilemas da esquerda. Na esteira do recado das urnas, até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu na sexta-feira (11) que é preciso “rediscutir” o papel eleitoral do PT.

No Brasil de 12 anos atrás, o governo Dilma Rousseff desfrutava de alta popularidade, e as emendas parlamentares ainda não tinham reconfigurado a dinâmica política entre congressistas e prefeituras. As ruas também não davam sinais da eclosão que aconteceria em junho de 2013 e transformaria o debate nacional. Com as urnas fechadas, PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL fizeram juntos 1.468 prefeitos, a maior parte pelos petistas. Na semana passada, foram 724. O montante é menor do que o que PSD, campeão de prefeituras, conquistou sozinho: 878.

“Houve um erro de leitura, como se a vitória do Lula fosse uma revanche do PT. Não foi. Muitos eleitores do Lula são conservadores”, afirma o jornalista Thomas Traumann, ex-ministro da Secretaria de Comunicação, e autor do livro “Biografia do Abismo”, sobre a polarização brasileira. “O Lula é muito maior que a esquerda. Na eleição de São Paulo, isso fica claro com o percentual de transferência de votos dele para o Guilherme Boulos. Boa parte dos eleitores do Lula não se vê no Boulos.”

Novos anseios

Ao derrotar, com ares de frente ampla, um rejeitado Jair Bolsonaro há dois anos, parte da esquerda considerou que os valores caros a esse lado do espectro político haviam prevalecido, quando na verdade a sociedade permaneceu conservadora. Não se trata de uma “jabuticaba”, aponta Traumann, e sim de um fenômeno que o campo progressista enfrenta em vários países. No Reino Unido, os trabalhistas voltaram ao poder depois de 14 anos ao redirecionar o discurso para temas do dia a dia da população, deixando para trás uma fase marcada pelas pautas identitárias.

“Os partidos de esquerda não responderam a uma série de questões, como o novo mercado de trabalho ou como conseguir defender direitos das minorias sem que isso pareça ameaça aos valores de uma parcela da população”,  avalia.  “Agora que não tem mais o fantasma Bolsonaro, as coisas voltam mais ou menos ao normal, e todos os problemas que a esquerda enfrentou em 2016, 2018, 2020 e 2022, com exceção da vitória do Lula, voltam à tona.”

No caso do PT, até houve um aumento no número de prefeituras de quatro anos para cá, mas muito tímido: de 183 para 248. Também não foram conquistadas capitais, e a aposta está agora nas quatro eleições com segundo turno que o partido ainda disputa em Fortaleza, Goiânia, Natal e Porto Alegre.

As eleições municipais de 2024 tiveram índice recorde de reeleição, 81%. Reflexo, em parte, da bonança de prefeituras irrigadas por emendas parlamentares. Se a eleição de 2020 já havia sido desfavorável à esquerda, a deste ano foi de manutenção do que já está posto — e a esquerda quase não faz parte desse cenário.

Em outra frente, com a entrada em cena de pautas alheias às que costumam conduzir eleições majoritárias, os partidos se encontram numa encruzilhada. A direita se sai melhor quando a polarização é alimentada, dada a ressonância de ideias conservadoras no eleitorado. É mais nas demandas “reais” da população, e menos na ideologia, que a esquerda deveria se concentrar, avalia o fundador do instituto Locomotiva, Renato Meirelles.

Diante de um Brasil que passou a alimentar valores empreendedores, com mudanças nas relações de trabalho, criou-se um descompasso entre os partidos progressistas e a população, um caldo cultural também temperado pelas igrejas neopentecostais.

“Não estão sabendo ler a classe C, o eleitor médio. Vão ter que saber falar com o empreendedorismo. É mais “picanha” e menos Venezuela”, resume. Ainda estão apostando na lógica de polarização. O brasileiro é conservador nos costumes, mas tem uma visão progressista de que o Estado deve gerar oportunidades iguais. Se a pauta se dá na economia, favorece a esquerda. Nos costumes, é jogar no campo da direita. As informações são do jornal O Globo.

 

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