Quinta-feira, 05 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de dezembro de 2024
O recorde é de 2007, com 181 mil focos.
Foto: ReproduçãoNos 11 primeiros meses do ano, o número de focos de incêndio aumentou 43,7% na Amazônia, em comparação com 2023. Até 30 de novembro, foram registrados 134.979 focos de incêndio no bioma. No mesmo período do ano passado, o número foi de 93.938 focos. O recorde, no entanto, é de 2007, com 181 mil focos. Os dados são do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Considerando apenas o mês de novembro, foram registrados 14.158 focos de incêndios na Amazônia, o que representa um aumento de 1,5% em comparação aos 13.940 focos em novembro de 2023. O valor é 46,2% maior que a média para o período nos cinco anos anteriores (2019-2023), que é de 9.679 focos.
Mariana Napolitano, diretora de Estratégia do WWF-Brasil, explica que a seca extrema que a Amazônia enfrenta desde 2023 é uma combinação de um El Niño intenso com mudanças climáticas e desmatamento acumulado na região.
“O desmatamento colabora para o agravamento da crise climática que já nos afeta diretamente com o regime irregular de chuvas, secas históricas, ondas de calor extremas e enchentes. Essa combinação da alteração climática provocada pelo aquecimento global com a degradação ambiental criou um cenário favorável ao uso criminoso do fogo para uma conversão da floresta”, diz.
Outros dois biomas também registraram recordes. No Cerrado, foram registrados 79.599 focos de fogo até 30 de novembro, um aumento de 64,2% em comparação com 2023. O valor registrado nos 10 primeiros meses do ano é o maior para o período desde 2012, quando foram detectados mais de 88 mil focos.
No Pantanal, houve um crescimento de 139%. Do início de 2024 até 30 de novembro, foram detectados 14.483 focos de incêndio. No ano passado foram 6.067 focos.
“Os biomas brasileiros estão conectados. A conversão e o desmatamento do Cerrado geram desequilíbrios para a Amazônia e o Pantanal, afetando a disponibilidade hídrica em outros ecossistemas, contribuindo para secas, aumento dos incêndios e ondas de calor. Por isso, não adianta conservar só um bioma, precisamos ter políticas consistentes para diferentes áreas do país. E, no Brasil, barrar o desmatamento é o ponto mais importante para evitar efeitos ainda mais severos da crise climática”, alerta Daniel Silva, especialista em conservação do WWF-Brasil.
A queimada é uma técnica primitiva, comum em áreas rurais, usada para limpar a vegetação de um terreno. A maioria é provocada pela ação humana, mas pode também ser causadas por raios ou algum outro evento da natureza.
Na atividade agrícola, em muitos casos, o uso do fogo é proibido, como, por exemplo, nas áreas de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo. Ao longo das últimas décadas, a colheita dos canaviais foi sendo cada vez mais mecanizada, em substituição à queima da palha, que passou a servir como fonte de energia.
Já o incêndio é o fogo descontrolado, que pode ser causado de forma criminosa, por negligência ou imprudência, ou até mesmo evoluir de uma queimada, caso encontre condições favoráveis à propagação. Além da ação humana, temperaturas elevadas e baixa umidade do ar são fatores que contribuem com a expansão das chamas. Por esta razão, em períodos em que o tempo fica mais quente ou ocorra uma onda de calor, o alerta é redobrado.