Segunda-feira, 03 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de outubro de 2020
O acesso aos serviços públicos por meio da internet cresceu no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus, de acordo com dados do Painel TIC Covid-19, divulgados na quinta-feira (1º). A segunda edição do estudo mostrou que 72% dos usuários de internet procuraram informações ou usaram serviços públicos on-line relacionados aos direitos do trabalhador ou previdência social, tais como INSS, FGTS, seguro-desemprego, auxílio emergencial ou aposentadoria – percentual que era de 40% da população de referência em 2019. Na sequência, os serviços mais buscados ou realizados on-line foram os relacionados a documentos pessoais (46%), saúde pública (45%) e educação pública (37%).
Também houve aumento na proporção de usuários que afirmaram realizar serviços públicos integralmente pela Internet. Em 2019, apenas 8% dos usuários de Internet haviam declarado ter realizado serviços on-line relacionados a direitos do trabalhador ou a previdência social, enquanto praticamente um terço dos usuários acessou esses serviços de forma totalmente remota desde o início da pandemia. Já a emissão de documentos pessoais como RG, CPF, passaporte ou carteira de trabalho passou de 6% para 21%.
A pesquisa revelou, contudo, desigualdades no acesso a serviços públicos on-line: serviços na área de saúde pública, tais como agendamentos de consulta, foram realizados em menores proporções entre usuários de 60 anos ou mais (38%) se comparados com aqueles de outras faixas etárias. O mesmo foi observado entre usuários das classes DE (35%) e que vivem na região Norte (31%).
A pesquisa investigou ainda o recebimento do auxílio emergencial: entre os usuários entrevistados, 38% receberam, 20% tentaram e não receberam e 39% não solicitaram o benefício. Entre os que tentaram e não receberam, 73% disseram que a solicitação não foi aprovada ou ainda estava em análise. Entre as barreiras relacionadas à tecnologia, 12% dos usuários que solicitaram e não receberam o auxílio disseram que não conseguiram usar o aplicativo da Caixa e 10% não tinham espaço no celular para o aplicativo. Os usuários desse perfil nas classes DE citaram em maiores proporções problemas relacionados com o uso das tecnologias, tais como não conseguir utilizar o aplicativo da Caixa (28%) e limitações na Internet (22%).
A pesquisa é realizada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), ligado ao CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil). Tendo como base os indicadores da pesquisa TIC Domicílios e outros indicadores especialmente desenvolvidos para o contexto de enfrentamento da Covid-19, o estudo abrange um universo de cerca de 97 milhões de pessoas, que corresponde a 80% dos usuários de Internet com 16 anos ou mais. Foram realizadas entrevistas pela web e por telefone, entre os dias 29 de julho e 21 de agosto de 2020.
O Painel TIC Covid-19 investigou as preocupações dos entrevistados relacionadas à privacidade e segurança dos dados pessoais: um terço dos usuários indicou preocupação com roubo de identidade e fraudes e pouco mais da metade afirmou que os riscos de disponibilizar seus dados pessoais na Internet para governos e empresas são maiores que os benefícios.
As principais preocupações apontadas pelos usuários em relação ao uso de seus dados pessoais foram: prejuízo financeiro por fraudes bancárias (32%), roubo de identidade (23%), invasão de privacidade (21%) e venda de dados para terceiros (13%). Quando avaliado por classe, o prejuízo por fraude bancária foi mais citado entre os indivíduos das classes AB, enquanto o roubo de identidade e a invasão de privacidade foram mais mencionados por usuários nas classes DE.
A proporção dos usuários de Internet que não baixariam aplicativos com informações sobre Covid-19 foi maior nas classes DE (25%) e entre os idosos (26% dos com 60 anos ou mais). A proporção dos que já baixaram ou certamente baixariam é maior entre as pessoas com 16 e 24 anos (48%) e na região Nordeste (53%).
Já a propensão a baixar aplicativos que notificam sobre o contato com pessoas infectadas pela Covid-19 foi maior: 60% dos usuários afirmaram que com certeza baixariam e outros 25% disseram que provavelmente o fariam. Os motivos mais citados pelos usuários para não baixar aplicativos foram a falta de interesse (46%), seguida pela decisão de evitar a ansiedade (43%). Os usuários também mencionaram se preocupar com vigilância por parte do governo após a pandemia (42%), além de motivos como não acreditar que o aplicativo impeça a identificação (39%) e não querer que o governo acesse seus dados de geolocalização (39%). As informações são do Cetic.br.