O brasileiro Artur Cacciolari, de 20 anos, morreu na quarta-feira (30) após pular da cachoeira Goja del Pis, com cerca de 15 metros de altura, na cidade italiana de Almese, próxima a Turim. Acrobata considerado uma promessa internacional, Cacciolari estava realizando uma gravação que pretendia enviar como parte de seu currículo à seleção da companhia circense Dragone.
Ao perceber as dificuldades do brasileiro, o colega que gravava as imagens com um celular pulou na água para tentar socorrê-lo, mas sem sucesso. Cacciolari foi levado pela correnteza e seu corpo foi recuperado pelos bombeiros três horas depois. As autoridades acreditam que ele tenha batido a cabeça no fundo do lago natural, que é formado por pedras.
O caso ganhou grande repercussão na Itália porque, além de ser considerado uma promessa no panorama circense internacional, Cacciolari havia pedido a um amigo que gravasse a arriscada aventura.
Alessandro Pietrolini, responsável pela companhia circense Sonics, onde o brasileiro trabalhavava havia dois anos, em Turim, contou que Cacciolari já havia realizado aquele salto outras vezes, em diferentes ocasiões, mas que o jovem teria ignorado os avisos de máxima prudência feitos pelas autoridades após as fortes chuvas que tinham atingido a região horas antes.
“Cacciolari tinha um talento extremo. Era impossível ensiná-lo algo, ele já sabia tudo. Era simplesmente brilhante no que fazia”, disse.
“A solicitação feita pelo casting aos concorrentes era a de um salto em piscina, realizado de uma altura de 5 metros. Ele poderia participar de qualquer seleção internacional sem precisar se arriscar. Mas esta era a sua personalidade, ele não se contentava”, acrescenta Pietrolini.
De SP para o estrelato
Natural de Marília, no interior de São Paulo, Cacciolari se formou na Escola Nacional de Circo, no Rio de Janeiro. Há três anos na Itália, ele era considerado uma promessa no panorama circense e já tinha participado de apresentações internacionais em Londres e Doha.
O contrato de trabalho de Cacciolari com a Sonics terminaria nesta semana. “A intenção dele era aproveitar a pausa de verão para participar de outras seleções e ter outras experiências profissionais”, afirma o diretor da companhia.
“Além da capacidade artística e criativa, Artur era uma pessoa alegre, sorridente e, no bom sentido, até um pouco louco. Ele achava que não tinha limites e fez algo que não deveria ter feito”, lamenta Pietrolini.
De acordo com Vitor Dias, um colega brasileiro que trabalhava na mesma companhia que Cacciolari, o jovem teria “superestimado” as próprias capacidades.
“Infelizmente, ele não levou em conta as condições do local. O problema não era pular daquela cachoeira, mas pular naquelas condições, porque tinha chovido muito.”
“Artur era um aventureiro por natureza, tinha impulsos que eram difíceis de conter. Era muito talentoso, um dos melhores profissionais a nível técnico e artístico que eu já conheci, mas quando punha algo na cabeça era difícil fazê-lo mudar de ideia”, afirma Dias.
De acordo com Pietrolini, a família está em viagem para a Europa e ainda não decidiu se o sepultamento de Artur, que recentemente havia adquirido a cidadania italiana por descendência, será realizado na Itália ou no Brasil.