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Mundo Anúncio de que a China aumentará barreiras contra produtos americanos pode levar a um aumento das exportações brasileiras para o gigante asiático

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Em 2024, o Brasil exportou US$ 94,27 bilhões em produtos para a China

Foto: EBC
Em 2024, o Brasil exportou US$ 94,27 bilhões em produtos para a China. (Foto: Arquivo/EBC)

O anúncio pela China de que irá aumentar as barreiras comerciais contra produtos americanos, em retaliação ao aumento de alíquotas pelo governo de Donald Trump, pode levar a um aumento das exportações brasileiras para o gigante asiático. Por outro lado, alertam economistas, a venda de produtos agrícolas pelo Brasil, em contexto de preço dos alimentos em alta, pode agravar ainda mais a inflação no País.

Na terça (4), o Ministério das Finanças da China aplicou tarifas de 15% sobre importações de frango, trigo, milho e algodão dos EUA e tarifas de 10% sobre outros alimentos, incluindo soja e laticínios. Isso, minutos depois de entrar em vigor uma tarifa adicional de 10% contra produtos chineses, por parte dos americanos.

Para a economista Lia Valls, pesquisadora de Comércio Exterior da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a decisão da China e do Canadá de retaliarem os Estados Unidos pode abrir uma janela de oportunidade para as exportações brasileiras, já que o Brasil é um grande exportador de alimentos. “Mas não é algo mecânico”, pondera a economista, ressaltando que ainda é cedo para avaliar os reais impactos.

No passado, durante o primeiro mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a China retaliou as ações de Trump e o Brasil ganhou mercado nas exportações de soja para o país asiático tomando fatias que eram dos EUA. O que se vê é que esse cenário poderia se repetir.

No entanto, a economista ressalta que há no momento outras variáveis que entram no quadro atual, como a inflação elevada no mercado doméstico brasileiro. “É preciso avaliar quais desses produtos pesam muito na cesta de inflação”, diz a economista, destacando que tudo vai depender do posicionamento do governo brasileiro em relação ao tema. Além disso, ressalta que os produtos agropecuários dependem da oferta que é mais abundante em períodos de safra.

A economista lembra que durante a visita ao Brasil de Xi Jinping, presidente da China, no final do ano passado, foram assinados acordos de facilitação de exportações para vários produtos para o país asiático. Entre esses produtos, estava o sorgo. O grão, utilizado para ração animal, é importado pela China dos EUA e agora está sendo retaliado pelo país asiático com tarifa de 15%. “Acho que para alguns produtos, eles (China) já estavam imaginando que seriam passíveis de retaliação.”

Em 2024, o Brasil exportou US$ 94,27 bilhões em produtos para a China, o que já representou 28% do total vendido pelo País ao exterior. Os produtos agrícolas representaram 36% desse total, gerando uma receita de US$ 33,94 bilhões.

Entre os 10 principais produtos vendidos pelo Brasil aos chineses, a soja lidera, com outros três produtos agrícolas na lista. Na opinião do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, teoricamente o Brasil pode sair ganhando num primeiro momento com a retaliação da China, porque é um grande produtor de alimentos e tem capacidade rápida de entrega. “Mas não sabemos o que virá em seguida”, diz.

Castro observa que os dois grandes produtores mundiais de commodities agropecuárias são Brasil e Estados Unidos. O alinhamento do Brasil como supridor da China no lugar dos Estados Unidos pode ser interpretado pelos Estados Unidos como um apoio do País à retaliação chinesa e num segundo momento, o Brasil também virar alvo de represália dos EUA. “Tudo pode acontecer, o mundo está ficando de cabeça para baixo”, diz Castro, frisando que o comércio mundial sentirá os impactos.

Segundo Castro, outro foco de preocupação que pode tornar a oferta mundial de alimentos mais problemática em tempos de inflação de comida em alta é ação dos Estados Unidos em suspender a ajuda militar a Ucrânia. “A Ucrânia é um grande exportador de alimentos (grãos) e isso pode ter reflexos na oferta mundial”, diz o presidente da AEB.

Para o economista Luis Otávio Leal, da G5 Partners e especialista em inflação, a guerra comercial vem em mau momento para a inflação de alimentos no Brasil. Se, por um lado, o aumento das exportações para a China pode favorecer a nossa balança comercial, por outro, pode reduzir a oferta de produtos internamente, pressionando os preços. (Estadão Conteúdo)

 

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