Sempre haverá controvérsia, claro, mas Liam Neeson precisou bater nos 60 anos para virar astro de ação na série Busca Implacável. A controvérsia é que, para o repórter, seu melhor filme de gênero, e olhem que ele tem feito muitos, é outro – Noite Sem Fim. Já existe ali uma interessante relação pai-filho e o diretor espanhol Jaume Collet-Serra realiza um sensível trabalho de montagem. Não é o menos interessante dos aspectos dessa fase de Neeson, que tem usado seu prestígio na indústria para bancar diretores de fora do sistema. O norueguês Hans Petter Moland assina Vingança a Sangue Frio, que estreou no dia 14. Pode ser muito bem o segundo melhor filme de ação de Neeson. No mês passado, Moland foi premiado pela ‘oustanding artistic contribution’ de seu novo filme no Festival de Berlim. Out Stealing Horses tem em comum com Vingança a Sangue Frio a beleza da paisagem – e a fotografia – incorporadas ao drama.
Há muito o que elogiar em Vingança, e o filme está indo muito bem de público. No Brasil, não repercutiu muito uma entrevista de Neeson ao jornal inglês The Guardian. Falando sobre a preparação para o personagem – um pai vinga a morte do filho, vítima de traficantes –, Neeson contou ao jornal que, no passado, teve uma amiga que foi estuprada por seu fornecedor de droga. Intimidada, ela se recusou a lhe fornecer a identidade do criminoso. Ele insistiu, questionou-a sobre a raça, se era um negro. O episódio repercutiu mal, Neeson foi acusado de racismo. Foi defendido por colegas como Viola Davis, com quem dividiu a cena em outro thriller recente, Viúvas, de Steve McQueen. Mas, gato escaldado, cancelou a entrevista acordada na semana passada com o Estado, com medo de que o assunto viesse à tona.