Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 17 de outubro de 2020
O preço da soja está pesando no prato e no bolso dos brasileiros a ponto de o governo avaliar uma redução das tarifas de importação. Lembra do arroz? Não é mais o vilão da vez. “Cada dia no mercado uma surpresa diferente”, diz a empregada doméstica Josi Santos.
A surpresa agora é o óleo de soja, que nos supermercados de São Paulo subiu mais de 30% em setembro, quase o dobro do aumento do arroz, segundo a Associação Paulista de Supermercados.
“O óleo de soja estava tão caro que eu peguei o de milho que sempre é mais caro. Estava mais ou menos equiparado, e eu peguei o de milho”, conta a aposentada Elenice Nardi.
O preço sobe no supermercado porque a soja brasileira está barata lá fora. Outros países, como a China, compram muito dos produtores nacionais e sobra menos para o nosso consumo interno. Aí, é como quando a gente vai ao mercado: se tem pouco, fica mais caro.
Encarece também para alimentar os rebanhos: “O farelo de soja também é usado para criação dos animais, principalmente de suínos e bovinos, também subiu muito de preço. Então esse é um desafio também para criadores de animais, e isso aumenta o preço da carne”, explica André Braz, economista do Ibre.
Foi por isso que a Associação Brasileira de Proteína Animal, que representa os frigoríficos, pediu ao governo federal que retire temporariamente as tarifas de importação de soja e milho provenientes de países de fora do Mercosul. É uma tentativa de aumentar a oferta e equilibrar um pouco o preço no país.
O Brasil é o maior exportador de soja do mundo e, nesse momento, o câmbio ainda dá um empurrão. O real já perdeu mais de 30% do valor frente ao dólar desde o início de 2020. Os supermercados dizem que não tem risco de faltar derivados de soja, milho ou mesmo arroz, mas sabem que não tem espaço para cobrar mais caro.
“Tem uma tendência de cair um pouco o faturamento disso, desses produtos que é natural. Ou o consumidor compra um pouco menos, substitui por outro produto e é evidente que é uma coisa por ser produto essencial, essa restrição de compra acaba ocorrendo nas classes que tem uma menor renda. O impacto é muito ruim inclusive isso”, diz o presidente da APAS, Ronaldo dos Santos.
“A gente vai fazendo uma coisinha aqui, acolá, colocando menos óleo, para passar pelo menos 15 dias com uma lata de óleo”, diz a aposentada Idália Gama dos Santos.