Sexta-feira, 07 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de março de 2019
A Netflix anunciou na última quinta-feira (14), um aumento na mensalidade de sua plataforma de streaming pela primeira vez de 2017. O reajuste chega a até R$ 8 por mês dependendo do plano escolhido pelo consumidor, mas é quando olhamos os percentuais dos reajustes que vemos algumas coisas interessantes.
Vamos levar em consideração para este texto o IPC-A (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o índice que mede a inflação acumulada em um determinado período. Entre junho de 2017, quando foi anunciado o último reajuste da Netflix, e fevereiro de 2019, o último mês a ter seu índice de inflação aferido, a inflação acumulada ficou em cerca de 6,10%.
É interessante notar que todos os reajustes estão consideravelmente acima desse índice:
1) Básico: R$ 19,90 (preço atual) – R$ 21,90 (preço novo) – reajuste de 10,05%.
2) Padrão: R$ 27,90 (preço atual) – R$ 32,90 (preço novo) – reajuste de 17,92%.
3) Premium: R$ 37,90 (preço atual) – R$ 45,90 (preço novo) – reajuste de 21,10%.
E se a Netflix reajustasse os preços seguindo apenas o IPC-A?
1) Básico: R$ 19,90 (atual) – R$ 21,10 (seguindo IPC-A).
2) Padrão: R$ 27,90 (atual) – R$ 29,60 (seguindo IPC-A).
3) Premium: R$ 37,90 (atual) – R$ 40,20 (seguindo IPC-A).
E se o preço da Netflix seguisse apenas a inflação desde 2015? Neste caso, a inflação acumulada entre junho de 2015 (quando foi anunciado o aumento) e fevereiro de 2019 é de 23,40%. Confira como ficariam os preços:
1) Básico – R$ 16,90 (preço em 2015) – R$ 20,85 (preço atual com IPC-A desde 2015).
2) Padrão – R$ 19,90 (preço em 2015) – R$ 24,55 (preço atual com IPC-A desde 2015).
3) Premium – R$ 26,90 (preço em 2015) – R$ 33,20 (preço atual com IPC-A desde 2015).
É claro também que existem outros fatores para justificar o aumento de preço que vão além da inflação. De lá para cá, a Netflix começou a investir pesadíssimo na produção de conteúdo original, e isso tem um custo, que acaba repassado para o consumidor.
A empresa gastou US$ 12 bilhões na produção de conteúdo próprio ao longo de 2018, e a estimativa dos analistas de mercado é que esse valor possa subir para US$ 15 bilhões em 2019.
Também é necessário notar que, de lá para cá, a Netflix também passou a ser tributada com o ISS no Brasil, o que provavelmente ajuda nos reajustes acima da inflação, ainda que a empresa tenha prometido que não repassaria esse custo ao consumidor.
A justificativa oficial da empresa para o reajuste é simples. “Mudamos nossos preços de tempos em tempos para continuar investindo no melhor do entretenimento, além de melhorar a experiência da Netflix para nossos membros no Brasil”, disse a Netflix em comunicado.