O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, chegou neste sábado (25) à Madri, onde participou de um comício e se encontrou com ministros, mas não foi recebido pelo premiê, o socialista Pedro Sánchez — a recusa desencadeou uma crise no país.
Em comício na Porta do Sol, coração da capital espanhola, o venezuelano pediu, diante de milhares de pessoas, para “nos mantermos de pé” contra a “ditadura” venezuelana. “Viva a Venezuela livre”, gritou Guaidó ao público, que segurava bandeiras do país.
Em sua primeira reação à polêmica, Sánchez, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), evitou se pronunciar diretamente sobre não ter se reunido com Guaidó, mas demonstrou seu compromisso com o “caminho democrático” como saída para “uma crise complexa, que exigirá diálogo” na Venezuela.
Ele falou a jornalistas neste sábado na região de Valência (leste do país).
“Sempre apoiamos a oposição venezuelana”, acrescentou Sánchez, citando como exemplo Leopoldo López, refugiado na residência do embaixador espanhol em Caracas. Guaidó é reconhecido como presidente interino da Venezuela por 50 países, incluindo a Espanha.
Em vez do encontro com Sanchéz, o venezuelano teve uma reunião com a ministra das Relações Exteriores, Arancha González, no centro cultural Casa da América — e não na sede da chancelaria.
González disse a Guaidó que ele “o apoio total do governo da Espanha” e transmitiu o desejo dos europeus de que haja “condições para a realização de eleições presidenciais com garantias democráticas”, segundo comunicado de seu gabinete.
Pablo Casado, líder do oposicionista Partido Popular (PP), criticou o primeiro-ministro por não receber “o presidente legítimo da Venezuela” e relacionou a postura de Sánchez à entrada no governo do partido de esquerda Podemos, que no passado demonstrou simpatia com o chavismo.
O PP deu ao venezuelano uma recepção de chefe de Estado. Além de se reunir com Casado, Guaidó recebeu do prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida, a chave de ouro da cidade, em um ato no qual foi apresentado como presidente da Venezuela.
“Sabemos que não estamos sozinhos”, disse Guaidó após receber o reconhecimento da Prefeitura de Madri.
O líder da oposição venezuelana chegou à Espanha após visitar Londres, Bruxelas, Davos e Paris, em uma turnê europeia que tem o intuito de buscar apoio para retirar o ditador Nicolás Maduro do poder.
Ele foi recebido pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelo presidente francês, Emmanuel Macron.