O Banco Central da Argentina anunciou nesta terça-feira (11) que manteve a taxa de juros em 60% ao ano, com o compromisso de não reduzi-la pelo menos até dezembro, dada a pressão inflacionária que sofre o país. As informações são da agência de notícias Reuters.
No início de agosto, a instituição resolveu definir a taxa das Letras de Liquidez (Leliq), a sete dias, como sua nova taxa de política monetária.
“Para garantir que as condições monetárias mantenham seu viés contracionista, o Comitê de Política Monetária (Copom) se compromete a não diminuir o valor de sua taxa de política monetária pelo menos até o mês de dezembro”, disse a instituição em comunicado.
O Copom se compromete a seguir monitorando o comportamento da inflação nos próximos meses, decidido a introduzir ações corretivas, no caso de serem necessárias, para atingir suas metas, acrescentou.
Fundo Monetário
Segundo informações são do jornal Valor Econômico, o governo argentino colocou nas mãos do Fundo Monetário Internacional a possibilidade de impedir o aprofundamento de sua crise econômica e as esperanças de reeleição do presidente Mauricio Macri em 2019. Desde maio, quando recorreu abruptamente ao Fundo diante de uma forte desvalorização do peso, os cenários externo e doméstico pioraram e destruíram a perspectiva de que US$ 15 bilhões de ajuda financeira era tudo o que o país precisaria para seguir em frente. “Nestes meses se desataram juntas todas as tormentas”, disse Macri em pronunciamento à nação, o mesmo em que anunciou que buscaria antecipação dos desembolsos do FMI para afastar os temores de que a Argentina poderia não cumprir seus compromissos até o fim de 2019.
As sucessivas e rápidas desvalorizações do peso – 52% no ano – deterioraram todas as expectativas sobre o desempenho da economia. A recessão que, segundo o ministro Nicolás Dujovne anunciara apenas há uma semana, seria de 1%, foi revista para uma queda de 2,4%, enquanto a inflação deverá estacionar ao fim do ano em 42%. As estatísticas corroboram as perspectivas negativas. Na comparação com o mesmo mês de 2017, a indústria argentina recuou 1,2% em maio, 8,1% em junho e 5,7% em julho, de acordo com o Indec. O salário médio dos trabalhadores formais declinou 4,3% em junho, mesmo após terem sido reajustados em 23,9% nos últimos 12 meses. O desemprego começou a subir.
Pouco após a costura do acordo com o Fundo, a Argentina recebeu US$ 15 bilhões. Apenas as intervenções para apoiar o peso, de 22 de junho até agora, consumiram US$ 11,8 bilhões das reservas (jornal Página 12, ontem), que estão em US$ 51,4 bilhões. Com a crise, o risco país dobrou de 400 para 800 pontos, refletindo os riscos de solvência externa e trazendo de volta os fantasmas do passado, isto é, o risco de novo calote.