Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de agosto de 2018
Com o avanço do dólar comercial frente nesta quinta-feira (30), quando chegou a valer quase R$ 4,17, o BC (Banco Central) anunciou, no início da tarde, o leilão de US$ 1,5 bilhão em contratos de swap cambial – equivalente à venda de dólares no mercado futuro – para tentar conter a alta da moeda norte-americana.
Ao todo, nesta quinta-feira, foram fechados 34,3 mil contratos de swap nos leilões promovidos pelo BC, segundo informações da própria autarquia. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, tinha queda de 1,88%, a 76.914,34 pontos. Mesmo com a atuação do BC, o dólar continua em alta na comparação com o dia anterior, quando encerrou o pregão vendido a R$ 4,114.
O dólar turismo, usado em viagens internacionais, está sendo vendido a R$ 4,56 em casas de câmbio de São Paulo, segundo consulta da Agência Brasil. O valor não inclui taxas de serviço e tributos, como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), cobrado de quem compra a moeda na hora da transação.
Na última quarta-feira (28), dia em que a moeda norte-americana fechou no segundo maior nível desde a criação do real, o BC já havia anunciado a venda de US$ 2,15 bilhões das reservas internacionais do Brasil com compromisso de recomprá-las mais adiante.
Entenda os swaps
Por meio das operações de swap cambial, o Banco Central vende dólares no mercado futuro, mas sem transferir o recurso de fato. Ao fim do contrato, o BC garante ao investidor o pagamento da variação do dólar no período, e o investidor restitui a variação da taxa de juros no período. Se a taxa de juros for superior, o investidor embolsa os rendimentos. Se a moeda subir mais que os juros no período, o BC ganha num primeiro momento, mas troca de rendimentos com os investidores e sai perdendo.
Esse contrato faz com que os investidores diminuam o interesse na compra da moeda norte-americana e com que seu valor frente ao real seja reduzido no mercado de câmbio.
Rigidez orçamentária
A rigidez do Orçamento federal está produzindo um efeito inesperado nas contas públicas. Impedidos de gastarem recursos liberados pelo Tesouro Nacional, os ministérios podem encerrar o ano sem conseguirem desembolsar cerca de R$ 15 bilhões. Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, o empoçamento de recursos ajudará o governo a cumprir com folga a meta de déficit primário de R$ 159 bilhões para este ano.
Até julho, informou o Tesouro Nacional, os órgãos federais tinham disponíveis R$ 14,5 bilhões liberados pela equipe econômica que ainda não tinham sido gastos. Os maiores empoçamentos estão nos Ministérios da Defesa (R$ 2,2 bilhões), da Saúde (R$ 2,1 bilhões), da Educação (R$ 1,4 bilhão) e da Justiça (R$ 1,1 bilhão). O maior volume de recursos não executados, no entanto, estão nas emendas parlamentares impositivas, com R$ 2,4 bilhões não desembolsados.
De acordo com Almeida, o montante de recursos não executados deve fechar o ano em torno de R$ 15 bilhões, próximo do valor atual. Caso isso ocorra, o Governo Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – chegará ao fim do ano com déficit primário de R$ 144 bilhões. O déficit primário é o resultado negativo nas contas do governo antes do pagamento dos juros da dívida pública.