O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reduziu a taxa básica de juros em sua primeira reunião do ano, situando-a em 6,75% ao ano. É o menor patamar desde a adoção do regime de metas para a inflação, em 1999. Diante disso, os especialistas consideram o momento atual como favorável para a renegociação de dívidas, ou até mesmo a portabilidade. De acordo com Roberto Vertamatti, diretor de Economia da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças), é melhor buscar um acordo agora porque o futuro é incerto.
“Atualmente, 60% das famílias estão endividadas. Isso não significa que elas estão inadimplentes, mas é um volume muito grande e as dívidas atrapalham o orçamento da casa”, diz. “É preciso aproveitar o histórico de quedas da Selic [taxa básica de juros]e tentar uma renegociação ou portabilidade da dívida agora, porque, principalmente por questões políticas, a economia brasileira pode sofrer alguns impactos a médio prazo.
De acordo com o BC, o total de operações de transferência de parcelamento de um banco para outro registrou avanço de 52%, passando de 131.889, em dezembro de 2016, para 201.384, em dezembro de 2017. O volume transferido também bateu recorde no fim do ano passado: chegou a R$ 1,651 bilhão, uma alta de 87% em relação a dezembro de 2016.
Para que o cliente saiba como renegociar a dívida junto ao gerente do banco, o planejador financeiro Thiago Nigro dá algumas dicas.
“A primeira coisa que a pessoa precisa fazer é ter dimensão do atual valor da dívida e qual a situação junto ao banco. Saber quantas parcelas já foram pagas, qual o saldo devedor e quais as taxas de juros cobradas”, pontua. “Depois disso, é interessante que a pessoa busque informações sobre seu score no site do Serasa. Caso a pontuação nesse sistema seja favorável, é válido usar esse número durante a conversa com o gerente, além de expor a situação atual e demonstrar interesse pelo acordo.”
O planejador diz que a primeira alternativa é tentar a renegociação a dívida com o próprio banco, para pleitear melhores condições de pagamento. Caso a instituição não se mostre disposta a fazer um acordo, uma solução pode ser buscar a portabilidade do financiamento.
“Ao procurar outro banco, o cliente precisa levar o máximo de informações sobre sua atual dívida e, durante a conversa, não pode demonstrar que, caso não consiga aquela portabilidade, sua vida estará arruinada. É preciso manter a postura e argumentar de forma objetiva, tendo como pano de fundo a queda de juros e sua vontade de quitar a dívida para pedir a portabilidade.”
Ione Amorim, economista do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), diz que o banco de origem não pode se negar a liberar o financiamento do cliente para outra instituição e deve concluir a operação em até um mês.
“Todo processo de portabilidade é feito pelo Sistema Brasileiro de Pagamento, que estipula normas e prazos para a concretização dos pagamentos. Os bancos não podem levar mais de um mês para finalizar a mudança.”