Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Ali Klemt | 29 de setembro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Já vou começar revelando: o bem mais precioso é o tempo. É tudo o que temos e é tudo que nos resta. A pergunta que fica, contudo, é… para quê?
Vejo pessoas sobrevivendo sem perceber o valor do que têm em mãos. Sem compreender que cada minuto nesse mundo é um milagre e é único. Tempo é o que mais buscamos, apesar de o gastarmos em tantas coisas desnecessárias.
Esse é um dos maiores paradoxos da existência humana: vivemos em busca de algo para ter tempo de viver, quando na verdade a vida é o que justifica a própria “perda” do tempo. O processo é o próprio prêmio.
Assisti a uma professora explicando que os gregos mantinham uma percepção diferente do tempo. Chronos, o deus originário, “tempo”. Aquele que deu nome ao tempo cronológico – e que observamos na cultura ocidental, até hoje. Na cultura grega, o tempo seria, também, contado com base na evolução humana. O que significa que você pode envelhecer biologicamente, mas não aproveitar o tempo. Não evoluir, enfim. Porque tempo é evolução. Tempo é a oportunidade, o significado, aquilo que nos transforma. Tempo de qualidade. Kairós, para os gregos, em contraposição a Chronos.
Começamos a mudar o nosso olhar sobre o tempo. As técnicas de mindfulness e meditação, por exemplo, nos arrastam para a realidade incontornável de que ou você está presente, ou você é apenas mais um espectador. E o uso de celulares é um dos nossos maiores desafios nessa luta da passagem irrefreável do tempo contra o que realmente vale a pena viver.
Já se sabe que o uso excessivo de telas afeta a saúde física e mental. Porém, mais do que isso, sua consequência mais triste é a perda de… vida. Porque ela está passando diante de nossos olhos, enquanto muitos seguem míopes, focados em um mundo irreal de excesso de informações inúteis. A troco de quê? Esse texto, hoje, é para trazer essa reflexão. Ninguém sabe o dia de amanhã – que pode ser o último, aliás, da nossa presença por aqui. Goste você ou não dessa possibilidade.
Sempre digo que a criança é a materialização da passagem do tempo. Você pode até andar por aí distraído e sem pensar nisso, mas basta reencontrar uma criança para lembrar que o tempo é indomável: ele passa. Logo, cada minuto importa.
Mas e se importa, importa por quê? Para viver bem, alguns dirão. E eu perguntarei: e o que é viver bem, senão encontrar, diariamente, alegria e gratidão nos seus atos e perceber, em si mesmo, uma evolução constante para que, quando o tempo acabar, saibamos que deixamos esse plano sendo melhores do que fomos?
Para que cumpramos esse propósito, contudo, é preciso estar PRESENTE. Nem olhando para o passado, nem perdido no futuro, mas consciente da sua presença efetiva no momento existente.
Chronos foi subjugado por Zeus, deus supremo. E da eternidade. Deus dos deuses, acabou com o tempo. Porque o tempo, afinal, nada mais é do que a nossa existência presente, efetiva e real. E isso é tudo – ou você não está vivendo, apenas existindo.
*aliklemt@gmail.com
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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