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O blogueiro Oswaldo Eustáquio foi preso pela Polícia Federal no inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos no Brasil

Blogueiro bolsonarista é investigado por financiamento de atos antidemocráticos. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A Polícia Federal (PF) prendeu nesta sexta-feira (26), em Campo Grande (MS), o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio no âmbito das investigações do financiamento de atos antidemocráticos.

A ordem de prisão partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o relator do inquérito que apura a captação de recursos para atos que defendem o fechamento do Congresso e do tribunal.

A TV Globo apurou que, nos monitoramentos, a Polícia Federal identificou que nos últimos dias Eustáquio esteve no município de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, e foi identificado risco de fuga. Por isso, a PF pediu a prisão do jornalista ao ministro do STF.

A defesa do blogueiro nega que ele tenha cometido crime e que tenha tentado fugir do País.

A prisão é temporária e tem prazo de cinco dias, podendo ser prorrogada por mais cinco.

Segundo as investigações, Oswaldo Eustáquio defende de forma oblíqua uma ruptura institucional.

Os investigadores citam por exemplo uma postagem em que ele afirma:

“Esse Supremo Tribunal Federal… corrupto… corrupto, que que ele fez? [Está] mancomunado com o Rodrigo Maia. [….] Em 64 não houve golpe militar, foi um contragolpe… porque daqui a pouco as pessoas vão falar: Oswaldo, você é a favor de uma intervenção militar? Não, eu sou a favor de uma intervenção do povo.”

O canal que Eustáquio mantém na internet tem mais de 264 mil inscritos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) determinou a quebra dos sigilos do blogueiro e quer apurar se a página recebe dinheiro pela divulgação dos atos.

“Para que se tenha uma dimensão dos volumes envolvidos nesse mercado, um relatório de uma empresa especializada em análises estatísticas de páginas do YouTube dá conta de que as 829 mil visualizações obtidas com o vídeo da ‘live’ que o presidente [Jair Bolsonaro] gravou no último dia 3 de maio na frente do Palácio do Planalto podem ter gerado um lucro entre US$ 6 mil e US$ 11 mil para o administrador do canal ‘Folha Política’, que tem 1,8 milhões de inscritos. Já o vídeo da ‘live’ presidencial no dia do Exército rendeu 1,5 milhão de visualizações ao canal ‘Foco do Brasil’, e pode ter proporcionado um lucro entre US$ 7,55 mil a US$ 18,8 mil dólares apenas com os recursos de monetização oferecidos pela plataforma”, escreveu a PGR.

Defesa

De acordo com o advogado Gustavo Moreno, da defesa de Eustáquio, a prisão pode ter motivação política. Segundo a defesa, o blogueiro foi alvo de censura e intimidação.

Moreno afirmou que, em nenhum momento Eustáquio cometeu crime e muito menos mostrou risco de deixar o Brasil. Segundo o advogado, ele foi preso em Campo Grande depois de visitar uma tia que mora em Pedro Juan Caballero, no Paraguai.

“Ele nem chegou a atravessar a fronteira porque o Paraguai está fechado. Ele só foi ali [fronteira] para visitar a tia e só foi preso quando já estava em Campo Grande. Então não tem cabimento de falar que ele queria deixar o País”, disse.

Eustáquio é próximo da extremista Sara Giromini, que também já foi presa ao longo das investigações dos atos antidemocráticos.

Em abril, o blogueiro fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais com o ex-deputado e aliado bolsonarista Roberto Jefferson. O vídeo teve 1,82 milhão de visualizações e foi compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro e por diversos apoiadores.

Eustáquio também foi condenado a pagar R$ 15 mil por danos morais ao jornalista Glenn Greenwald por ter ofendido a mãe dele.

O blogueiro afirmou que Glenn mentiu sobre o estado de saúde da mãe para conseguir acelerar a concessão de visto para seus filhos e deixar o País.

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