O valor total de subsídios nas operações de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ao grupo Odebrecht atingiu R$ 646 milhões entre 2003 e 2018. Esse valor resulta da diferença do juro cobrado do grupo pelo BNDES e a taxa básica Selic no momento dos desembolsos. O montante total de perdas já incorridas ou potenciais para o BNDES ou a União é de R$ 14,6 bilhões, em valores convertidos e atualizados. As informações são do portal G1.
A informação partiu de apresentação sobre o tema disponibilizada pelo banco, em seu site, após divulgação de comunicado sobre o assunto.
Em junho, a Odebrecht formalizou seu pedido de recuperação judicial, com uma dívida total de R$ 98 bilhões. Na ocasião, a empresa informou ter uma dívida de R$ 10 bilhões com o BNDES.
Em nota, o BNDES informou que forneceu maior detalhamento sobre o volume de empréstimos concedidos pelo banco ao grupo empresarial. Entre 2003 e 2018, a instituição desembolsou a empresas do grupo Odebrecht R$ 32,9 bilhões em valores históricos, ou R$ 51,3 bilhões em valores atualizados pelo IPCA até setembro. As modalidades de apoio do banco ao grupo empresarial foram oferta de crédito direto e indireto (com agente repassador), financiamento específico a exportação e aquisição de participações acionárias.
No informe, o banco detalhou que, do total de desembolsos, o valor histórico inclui R$ 15,3 bilhões em crédito, dos quais R$ 11,7 bilhões referem-se a financiamentos diretos, em que existe risco potencial de perdas para o BNDES; e R$ 3,6 bilhões em crédito indireto, no qual as possíveis perdas são dos agentes financeiros intermediários.
Ainda no total do valor, a quantia de R$ 16,1 bilhões foi originada de financiamentos à exportação de serviços. Informações sobre quais empresas tomaram empréstimos para financiar serviços já tinham sido prestadas pelo banco esse mês, quando a instituição informou que a Odebrecht teria respondido por em torno de 76% do total de desembolsos nesse tipo de modelo.
O banco observou ainda que R$ 1,5 bilhão se refere à compra de participações nas empresas Atvos e OTP (Odebrecht TransPort). As ações de emissão da primeira já foram vendidas pelo BNDES e, as da segunda empresa citada, não, acrescentou a instituição.
Assim, levando em conta todos esses números, o banco estimou em R$ 14,6 bilhões o valor de perdas potenciais com recursos alocados ao grupo Odebrecht. Essa informação foi antecipada nesta segunda pelo próprio presidente do banco, Gustavo Montezano, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Ao falar sobre as perdas, o BNDES detalhou que, do total estimado como perda potencial, R$ 3,7 bilhões (ou US$ 900 milhões convertidos pelo câmbio de 25 de setembro deste ano) relacionam-se a perdas da União em créditos no financiamento à exportação. O BNDES lembra que o FGE (Fundo Garantidor de Exportações) indeniza o BNDES por todas as possíveis inadimplências promovidas por países importadores.
No caso do restante das perdas estimadas em R$ 10,9 bilhões, o valor de R$ 8,7 bilhões em perda potencial (máxima), atualizado até maio, corresponde ao valor de exposição total do BNDES em créditos perante as empresas em recuperação judicial do grupo Odebrecht. O banco acrescentou ainda que, segundo cálculos feitos pela instituição, com a venda pelo sistema BNDES de ações da Atvos, em valores atualizados, a perda efetiva é de R$ 800 milhões e, com a OTP, a perda potencial das ações ainda em carteira é de R$ 1,4 bilhão.
Em seus cálculos o BNDES não deixou de contabilizar o custo para o Estado em operações de crédito com o grupo empresarial, no valor atualizado, de R$ 646,7 milhões entre 2003 e 2018.
A instituição declarou ainda que os valores referentes às perdas potenciais relacionadas às empresas em recuperação judicial “encontram-se, de forma conservadora e seguindo as melhores práticas contábeis, totalmente baixados nas demonstrações financeiras do Sistema BNDES”, informou o banco, no comunicado.