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Por Redação O Sul | 28 de janeiro de 2017
O Brasil tem a economia mais fechada entre os países emergentes, segundo estudo do Credit Suisse. Para o banco de investimento, isso ocorre por causa da baixa corrente de comércio (a soma de exportações e importações), dos elevados impostos de importação, da ausência de novos acordos comerciais nos últimos anos e do grande número de barreiras não tarifárias adotadas pelo País.
Nos 12 meses até setembro de 2016, o Brasil tinha a menor corrente de comércio de um grupo de 21 emergentes, mostra o relatório. Exportações e importações totalizavam 18,8% do PIB (Produto Interno Bruto), abaixo dos 20,6% do PIB da Argentina, e muito inferior à média de 60% do PIB nas economias emergentes e de 38% do PIB dos países da América Latina, segundo números da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento. No acumulado de 2016, a corrente de comércio brasileira encolheu um pouco mais, ficando em 18,2% do PIB.
“O comércio do Brasil com o resto do mundo acompanhou o ciclo de comércio global nos últimos anos”, diz o relatório. No período de forte dinamismo global, de 2003 a 2011, a corrente de comércio brasileira aumentou a uma taxa média de quase 20% ao ano. “Com a estagnação da corrente do comércio global a partir de 2012, o comércio do Brasil com o resto do mundo diminuiu, na média, 6,5% ao ano.”
Entre 2003 e 2011, a participação do Brasil no comércio global passou de 0,8% para 1,3%. Essa fatia recuou a partir de 2012, alcançando 1,1% em 2015, aponta o banco. Já a participação dos emergentes na corrente de comércio global excluindo o Brasil, contudo, “aumentou continuamente de 17,4%, em 2003, para 26,5% em 2015”.
No período de estagnação das transações comerciais no mundo, houve tanto redução das exportações quanto das importações do Brasil, especialmente das últimas. “A intensa diminuição da demanda no Brasil e a depreciação cambial, entre 2011 e o primeiro trimestre de 2016, levaram à redução acumulada das importações de 39,2% no período”, diz o relatório da equipe comandada pelo economista Nilson Teixeira.
O estudo aponta alguns motivos para a perda de dinamismo do comércio exterior do Brasil desde 2011. O primeiro é a ausência de novos acordos comerciais. O Credit Suisse observa que a perspectiva para a assinatura de novos tratados comerciais nos próximos anos segue negativa, lembrando que países desenvolvidos, como os EUA e o Reino Unido, “têm adotado discursos contra o livre comércio recentemente”.
Outro motivo para a perda de dinamismo é que o Brasil mantém uma carga tributária elevada sobre produtos importados, diz o Credit Suisse.
O relatório também nota que o Brasil está entre os países que mais impõem barreiras não tarifárias aos produtos importados.
As barreiras sanitárias e fitossanitárias impostas pelo Brasil subiram 51% entre 2010 e 2016. O Brasil também elevou bastante as barreiras técnicas ao comércio, aquelas que introduzem restrições ao conteúdo dos produtos importados ou ao processo de produção. Entre 2010 e 2016, o Brasil implementou 270 novas medidas técnicas, atingindo 797 no fim do período. “É muito superior à média de 248 nos países emergentes.”
A perda de participação do País no comércio global sugere um menor dinamismo da economia. Entre os principais benefícios de uma maior abertura, está a maior capacidade de absorver avanços tecnológicos produzidos por outros países, ao reduzir os custos de obtenção de tecnologia e insumos.
Além disso, a exposição à competitividade aumenta o dinamismo da economia, havendo maior especialização da produção e ganhos de produtividade. (AG e Folhapress)