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Geral Brasil espremido entre Estados Unidos e China: gigante asiático se tornou o principal parceiro comercial do País, interrompendo quase 80 anos de liderança absoluta dos americanos nessa posição

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Desde 2009, a China se consolidou como nosso maior mercado. (Foto: Reprodução)

Quando, em 2009, a China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil, interrompeu quase 80 anos de liderança absoluta dos EUA nessa posição. Desde então, a China se consolidou como nosso maior mercado, respondendo, sozinha, por quase um terço de todas as exportações brasileiras. Em 2023 foram US$ 104,3 bilhões; em 2024, US$ 94,4 bilhões. Também vem da China a maior parcela de produtos importados pelo Brasil: no ano passado foram US$ 63,6 bilhões, enquanto dos EUA vieram US$ 40,6 bilhões.

O Brasil se beneficiou da abertura da China ao mercado global, iniciada no final da década de 1970 – depois da conversão chinesa a uma espécie de capitalismo de Estado, totalmente controlado pelo regime comunista. Foi um ganho quase “passivo”, já que do lado brasileiro o avanço na abertura de mercado foi mínimo e a forte intervenção estatal na economia, que ainda se mantém, tenha feito do Brasil também um modelo que lembra algo do capitalismo de Estado, embora a democracia tenha sido restaurada com o fim do regime militar.

O resultado é que, com baixa competitividade e fraca diversificação internacional, o País ingressa numa nova ordem econômica mundial espremido entre dois gigantes, com forte dependência da China e poder de barganha restrito com os EUA. A busca por novos mercados recentemente passou a ser intensificada, mas já num cenário de muita apreensão e incertezas. É recomendável que o Brasil atue diplomaticamente, mas pode fortalecer-se ao buscar associações que aumentem sua importância na disputa. Afinal, como num jogo de xadrez, o valor de cada peça depende muito da posição que ela ocupa no tabuleiro.

Como advertiu, em entrevista ao Estadão, o professor Matias Spektor, da Fundação Getulio Vargas (FGV), alguns setores industriais brasileiros poderão ser varridos do mapa com “uma enxurrada de produtos chineses” redirecionados a outros mercados depois da taxação de Donald Trump de 34% à China.

O Brasil não está preparado para uma invasão generalizada de produtos da China, que, saliente-se, é muito forte no comércio de eletrônicos, produtos têxteis, brinquedos, produtos químicos e agrícolas. Trata-se de uma ameaça concreta à indústria com potencial de abrir uma crise com o governo. Basta lembrar o protesto recente das montadoras que resultou numa sobretaxa à importação dos carros elétricos chineses. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou, no início do ano, que ainda estuda apresentar ao Ministério do Desenvolvimento um pedido para que as montadoras chinesas de carros elétricos sejam investigadas por suposta prática de dumping. Essa reação deve se verificar nos demais setores afetados.

Acostumada a uma economia excessivamente fechada e protecionista, a indústria nacional passou a investir pesadamente em lobbies e proporcionalmente menos na inovação e na produtividade necessárias para enfrentar a competição global. Na outra ponta, o agronegócio, que ampliou significativamente a produção investindo em tecnologia, ocupa o topo do comércio em diversos produtos, mas fica à mercê de preços que são fixados no mercado internacional. Entre as commodities agrícolas, a soja é o destaque, e dois terços da produção são exportados, tendo a China como principal comprador. Portanto, qualquer reviravolta mundial pode afetar seriamente a balança comercial brasileira.

A acertada e rápida reação do Congresso Nacional, que aprovou por unanimidade o Projeto de Lei da Reciprocidade, que abre ao governo a possibilidade de retaliação a barreiras comerciais que possam ser consideradas injustas sem a necessidade de aprovação de organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), é muito bem-vinda num momento de incertezas como o atual. Mas deve servir apenas como uma espécie de seguro, que o País contrata na esperança firme de não usar. O jogo agora ficou mais duro e com mais interesses em disputa. (Opinião/Jornal O Estado de S. Paulo)

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