Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de dezembro de 2019
O número dois do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, Ken Cuccinelli , disse na terça-feira que o Brasil está cooperando sem “grande resistência” com o ICE , a agência federal americana responsável por executar leis de imigração, como as regras para deportação. Cuccinelli, no entanto, fez a ressalva de que a cooperação não é suficiente para “solucionar o problema” do crescente número de imigrantes brasileiros que chegam à fronteira do país com o México. As informações são do jornal O Globo.
“Se você perguntar ao ICE, que executa as repatriações, eles te dirão que não enfrentam grande resistência do Brasil. O Brasil coopera, esses são todos elementos positivos para nós. Mas não são o suficiente.”
A afirmação foi feita durante uma coletiva de imprensa para jornalistas estrangeiros. Cuccinelli afirmou que o número de imigrantes brasileiros chegando à fronteira dos Estados Unidos com o México tem crescido.
“Não é o suficiente vistos os padrões regionais de imigração que estão acontecendo agora, e a contribuição crescente do Brasil para isso. Nós precisamos de mais deles em termos de ajudar a resolver o problema, e essa é a discussão que estamos tendo com eles agora.”
O secretário adjunto do Departamento de Segurança Interna disse também que a imigração é um “tópico quente” nas conversas com o Brasil e que o governo americano tem um “diálogo aberto” com o país sobre o tema, que está sendo discutido “ativamente”.
Em julho, o jornal O Globo publicou que o governo havia aceitado um pleito antigo dos americanos para facilitar a deportação de brasileiros que emigraram sem visto adequado aos Estados Unidos.
Fontes do governo brasileiro afirmam que o objetivo da medida não é prejudicar os brasileiros, e sim evitar que fiquem presos indefinidamente nos Estados Unidos, apenas aguardando o momento que seriam inevitavelmente deportados. Esse tipo de cooperação intergovernamental para identificar nacionais brasileiros presos teria tido início ainda durante o governo de Michel Temer.
Acordos de imigração
Em agosto, o New York Times publicou que o ex-secretário do Departamento de Segurança Interna, Kevin McAleenan teria dito a funcionários do governo guatemalteca que estava em negociações com Brasil, México, Honduras, El Salvador e Panamá para que os países assinassem acordos similares aos que os Estados Unidos assinaram com a Guatemala para que se tornassem “terceiros países seguros”.
Em julho, Estados Unidos e Guatemala assinaram um acordo para reduzir o número de imigrantes que chegam às fronteiras americanas. Pelos termos do acordo, pessoas que querem pedir asilo nos Estados Unidos teriam que esperar o julgamento dos pedidos de asilo nesses “terceiros países”. Em setembro, El Salvador e Honduras também assinaram acordos similares.
Segundo fontes do governo brasileiro ouvidas pelo GLOBO , esse tema nunca foi levantado pelo governo dos Estados Unidos.
Uma possível explicação para a menção ao Brasil em relatos sobre a reunião de McAleenan de agosto é o interesse do governo mexicano em não ser o único país grande a negociar um acordo do tipo com os Estados Unidos. Em setembro, o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, disse que o país não iria assinar o acordo para se tornar um “terceiro país seguro”.
O número dois do Departamento de Segurança Interna não confirma o pedido ao Brasil e diz que não entrará em detalhes sobre as conversas que está tendo agora com o país sobre imigração. Apesar disso, afirmou que elas “estão sendo produtivas”.
“Estamos tentando expandir essa parceria, que está funcionando bem em alguns casos, como repatriações.”
O subsecretário para América Central do Departamento de Estado, Hugo Rodriguez disse, na mesma coletiva desta terça, que há pessoas percorrendo o caminho do Brasil até a fronteira sul dos Estados Unidos, e que “todos os países pelos quais eles passam deve fazer seu papel para se assegurar de que a viagem é legítima, e que eles só estão facilitando viagens para propósitos legítimos”.
“Nós temos essas conversas sobre segurança na fronteira, migração e temas de asilo com a maior parte dos governos no Hemisfério Ocidental, então não é fora do comum que conversemos com o Brasil.”