Há duas semanas, quando terminava os preparativos para uma viagem de trabalho a Nova York (EUA), o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, recebeu um aviso de sua assessoria internacional: o carro de luxo mantido pelo consulado brasileiro para transportar autoridades não poderia buscá-lo no aeroporto porque não estava em dia com o seguro obrigatório. “Imagine se formos parados em uma blitz com o senhor a bordo. Seria uma vergonha”, justificaram ao ministro. Antes de viajar, Alves ainda foi aconselhado a usar o aplicativo Uber, em vez dos indefectíveis táxis amarelos da cidade. “Funcionam bem melhor”, assegurou um diplomata.
O episódio ilustra a penúria orçamentária do Ministério das Relações Exteriores. A situação foi agravada pela desvalorização do real nos últimos meses. Cerca de 90% das despesas são executadas em moedas estrangeiras e todas as contas de 2015 foram feitas com uma taxa de câmbio abaixo de 2,50 reais por dólar. O dinheiro acabou. Há três meses de atraso nos repasses para pagamentos de aluguéis dos imóveis oficiais no exterior, de auxílio-moradia para servidores que estão fora do País, de contas de luz e telefonia nas embaixadas e consulados.
“O déficit financeiro monta a 188 milhões de reais”, informou o Itamaraty, no dia 6 de agosto, em resposta a um requerimento do deputado Arthur Virgílio Bisneto (PSDB-AM). Para consertar o estrago da desvalorização cambial e acertar as pendências acumuladas, o Ministério pleiteou 2 bilhões de reais para custeio – descontando salários e benefícios – no projeto de lei orçamentária de 2016, enviado ao Congresso Nacional. O orçamento está congelado desde o início do governo de Dilma e ficou em 1,16 bilhão de reais no ano passado. (Valor Econômico)