Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2019
Com alta de 0,5% no PIB do primeiro trimestre de 2019 contra igual período do ano anterior, o Brasil ficou no 45º lugar em um ranking global de taxa de crescimento elaborado pela Austin Rating com 47 países. No último trimestre do ano passado, o País ocupava a 40ª posição de uma pesquisa com 42 países.
Entre os Brics, o Brasil superou apenas a Rússia, que teve crescimento semelhante, mas ficou também à frente da Itália, cuja taxa de crescimento foi de apenas 0,1%. A China, que também integra o grupo, cresceu 6,4% e a Índia, 6,3%.
Segundo o ranking divulgado pela Austin, a Armênia foi o país que mais cresceu no primeiro trimestre do ano, com taxa positiva de 7,1%.
Cinco anos após início da recessão, nenhum setor voltou ao nível pré-crise
Passados cinco anos do início da deterioração econômica brasileira – o trimestre entre abril e junho de 2014 foi o primeiro da recessão –, nenhum setor produtivo voltou ao patamar pré-crise. Na mais lenta retomada da história do País, a construção civil ainda está 27% aquém do registrado no começo de 2014 e a indústria, 16,7%. Um pouco menos atingidos, serviço e varejo também sofrem para se recuperar e estão em níveis 11,7% e 5,8% inferiores ao de 2014, respectivamente.
O processo é tão vagaroso, com frustrações de expectativa de crescimento trimestre após trimestre, que economistas têm tido dificuldade para explicar o que ocorre no País. “Há uma diversidade de diagnósticos. Quando se tem isso, é porque ninguém está entendendo direito o que está acontecendo – o que é raro de se ver”, diz o economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani.
Um dos mais recentes diagnósticos para a situação brasileira é do ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore. Para o economista, o País está em depressão, pois o PIB per capita cresceu de forma insignificante nos últimos dois anos (0,3% em cada ano) e deve terminar 2019 no mesmo nível de 2018. Isso significa que, em dezembro deste ano, o indicador estará 8% abaixo do registrado antes da recessão.
“O conceito que estou usando (para definir depressão) é o de PIB per capita, que mostra que a população empobreceu e continua pobre. As perspectivas de crescimento deste ano indicam que isso não vai mudar”, diz.
Se o PIB voltar a crescer a uma taxa de 2% no próximo ano, o PIB per capita atingirá o nível anterior à recessão em 2026, ou 13 anos após o início dela. Na crise de 1988, essa recuperação levou nove anos.
O fato de a recessão ter sido a mais profunda da história e ter gerado uma grande ociosidade na indústria, o que torna investimentos quase desnecessários, é apontado como um dos motivos para a retomada ser tão lenta. “Havia a ideia de que a mudança do ciclo político (com a chegada de Michel Temer à Presidência, em 2016) daria um choque de confiança e melhoraria a situação. Mas houve uma frustração, porque a ociosidade era tão grande que mesmo os mais otimistas não investiram”, diz Padovani. Em 2016, o economista previa que o PIB levaria dois anos para voltar ao patamar do fim de 2014; a lentidão da recuperação, porém, empurrou a projeção para 2021.