O Brasil poderá ter 625 mil novos casos de câncer em 2020, estima o Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão ligado ao Ministério da Saúde. Entre eles, 50,3% deverão ocorrer em homens e 49,7% em mulheres.
Os números foram divulgados nesta semana e fazem parte do estudo “Estimativa 2020”, produzido pelo Inca com base em registros populacionais do País e de hospitais de câncer.
De acordo com a instituição, a melhor forma de evitar os casos é a prevenção. O Inca cita como exemplo os casos de câncer de pulmão, que tiveram redução com as políticas de incentivo contra o fumo. A entidade afirmou, também, que outras indústrias precisam entrar nos esforços de prevenção, como a indústria de alimentos.
Tipos mais recorrentes
De acordo com a publicação, os tipos mais incidentes no País serão os de pele não melanoma, mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago.
Regiões
O Nordeste concentra maior incidência de câncer de próstata, segundo as estimativas do Inca. A taxa é de 72,35 a cada 100 mil habitantes.
Entre as mulheres, o maior número de casos de câncer de mama e se concentra na região Sudeste, com 81,06 a cada 100 mil habitantes.
Mundo
Segundo o Inca, 7,6 milhões de pessoas morrem em todo o mundo por causa do câncer a cada ano. Mais da metade delas, 4 milhões, têm entre 30 e 69 anos. A previsão, segundo o Inca, é de que 6 milhões de pessoas morram prematuramente por ano até 2025, caso não sejam adotadas medidas de prevenção.
Nesta semana, a OMS (Organização Mundial da Saúde) também divulgou dados sobre o câncer. Conforme a organização, os registros da doença aumentarão cerca de 81% nos países em desenvolvimento até 2040.
Em um comunicado, a ONU (Organização das Nações Unidas) alerta que se as tendências atuais se mantiverem, o mundo registrará um aumento global de 60% dos casos de câncer nas próximas décadas.
Recomendação dos médicos
O hábito de realizar atividade física faz diferença na prevenção do câncer. Não é preciso frequentar academia ou procurar um esporte de impacto ou grande esforço físico. Vinte minutos de caminhada por dia, por exemplo, são recomendados pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
“A prática de atividade física melhora a imunidade do corpo e reduz a produção de mediadores inflamatórios, fenômenos que minimizam as mudanças celulares e, consequentemente, os riscos de desenvolvimento da doença. Estudos mostram que a atividade física regular reduz de fato o risco de desenvolvimento de câncer de mama, cólon e endométrio”, explica o oncologista Duílio Rocha Filho, ligado à SBOC.
Segundo nota distribuída pela sociedade médica à imprensa, 30% a 50% dos casos de câncer podem ser prevenidos a partir de mudanças no estilo de vida: além de praticar atividade física, “não fumar, preferir alimentos naturais, manter uma dieta equilibrada, se vacinar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas.”
Apesar de recomendações simples, a SBOC encontra dificuldade para que as pessoas mudem suas rotinas e adotem comportamentos mais saudáveis. “Ao contrário do caso do cigarro, em que a relação com o câncer de pulmão é direta, os impactos do estilo de vida na saúde são pouco palpáveis para a maioria das pessoas, pois é muito difícil dizer com precisão o que originou o tumor; se foi o consumo de álcool ou de carnes processadas.”
Em pesquisa feita pela SBOC em 2017, com 1.500 pessoas em todo o País, metade declarou que não faz exercício físico. Uma em cada quatro pessoas entrevistadas não vê a obesidade como problema relacionado ao câncer.