Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de abril de 2017
Prestes a deixar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) após oito anos, o ministro Henrique Neves acredita que o País precisa endurecer o acompanhamento dos partidos após eles serem criados. Na avaliação do ministro, a legislação eleitoral é muito exigente na criação das legendas, mas, depois, não acompanha o desempenho das agremiações nem a representatividade dos partidos na sociedade, mesmo com o recebimento anual de dinheiro público.
“Não há na legislação brasileira qualquer forma de aferição da continuidade do importante trabalho prestado pelos partidos políticos”, afirmou o ministro. Para se criar um partido, é necessário obter apoio de eleitores em número que ultrapasse meio por cento dos votos dados na última eleição, distribuídos em ao menos nove Estados.
Após a criação do partido, lembra o magistrado, cada legenda recebe cerca de R$ 1,2 milhão por ano, independentemente de ter obtido votos nas eleições anteriores ou de ter um número mínimo de filiados.
“No que tange ao recebimento de recursos públicos e garantia de acesso ao rádio e televisão, entendo que cabe distinguir quem efetivamente está funcionando para defender o interesse de uma parte minimamente significante da sociedade e quem traduz apenas pequenos aglomerados ou organizações particulares, quase familiares”, diz Neves.
Mesmo defendendo o controle da representatividade dos partidos, o ministro do TSE acredita que a criação de partidos deve ser livre. “Não vejo problemas no número de partidos existentes, que é inferior a quantidade verificada em vários países.”
Ainda assim, o magistrado defende que seja editado um novo código para regular toda a matéria eleitoral, e uma nova fórmula de fiscalização do financiamento das eleições, como a divulgação instantânea na internet. O código atual é de 1965.
“O fundamental é que ele seja transparente e que o eleitor possa, em tempo real, acompanhar as finanças das campanhas para saber quem está contribuindo para o candidato ou o partido e como os recursos públicos estão sendo gastos”, defende. Neves deixa a Corte neste mês e, após novos prazos concedidos, não participará do julgamento da chapa Dilma-Temer. “Assistirei ao julgamento pela televisão”, declarou. (AG)