A China suspendeu importações de três frigoríficos brasileiros, informou o Ministério da Agricultura. Ainda de acordo com o governo, uma outra planta teve as vendas suspensas por iniciativa do próprio ministério.
No total, são 4 unidades que deixam de exportar para a China temporariamente dos 102 frigoríficos brasileiros autorizados a vender para o país asiático. Os chineses são os maiores compradores de carnes do Brasil.
O governo não indicou, porém, quais fábricas tiveram as autorizações suspensas. A retirada de licenças de exportação para a China ocorre em meio ao aumento dos casos de Covid-19 entre os trabalhadores de frigoríficos brasileiros.
“As autoridades sanitárias da China têm mostrado preocupação diante do registro de novo surto de Covid-19 próximo a Pequim e vêm monitorando, em todo o mundo, as empresas que exportam para a China”, disse o Ministério da Agricultura, em nota.
O ministério brasileiro disse que busca os motivos da suspensão junto a um órgão do governo chinês, e que negocia para que haja uma retomada das exportações de parte dessas empresas.
Nas últimas semanas, os chineses vinham pedindo que os frigoríficos garantissem que a carne enviada ao país não tivesse a presença do coronavírus e que se evite o envio de alimentos de fábricas que tiveram casos da doença. As grandes empresas assumiram este compromisso.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) que representam os frigoríficos que exportam carnes foram procuradas.
A ABPA enviou um vídeo do presidente da entidade, Francisco Turra, comentando a decisão.
“Não há fundamento técnico algum nesta suspensão. O produto (carne) está chegando lá (na China) e sendo analisado sem problema de qualquer natureza… sem Covid-19. Porém, é uma forma de dar satisfação ao consumidor chinês”, diz Turra.
A ABPA diz que está pedindo ao governo brasileiro para que negocie com a China para que as carnes passem a ser vistoriada nos portos chineses, não mais aqui no Brasil. “Tanta é a certeza que temos de que não há problema de Covid algum.”
Já a Abrafrigo disse, em nota, que a suspensão “é um diteiro do importador e que não há nada a se fazer sobre isso”. A entidade disse que está acompanhando o caso e auxiliando suas associadas na questão. A Abiec disse que não vai se manifestar.
Oficialmente, o governo brasileiro não informa quais unidades foram suspensas.
A agência Reuters noticiou no fim de semana que o frigorífico suspenso pelo Ministério da Agricultura foi o da JBS, localizado em Passo Fundo (RS), que é um dos focos de contaminação de Covid no Estado, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT) e que foi fechado pela Justiça mais uma vez.
De acordo com reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico, os três frigoríficos suspensos pela China estariam localizados em Várzea Grande e Rondonópolis, em Mato Grosso, e Lajeado, no Rio Grande do Sul.
Um deles seria o Agra Agroindustrial De Alimentos, de Rondonópolis. A princípio, a informação do governo chinês era de que as exportações foram interrompidas voluntariamente pela empresa. O outro frigorífico do Estado que foi apurado seria o da Marfrig, em Várzea Grande.
Outra unidade apurada é a do frigorífico Minuano, em Lajeado. A fábrica chegou a ser interditada em maio após a Justiça atender a um pedido do Ministério Público.