O Brasil registrou superávit em transações correntes de 435 milhões de dólares em junho, no azul pelo quarto mês seguido, mas 67,2 por cento menor sobre igual mês do ano passado, sobretudo por desempenho mais modesto da balança comercial, informou o BC (Banco Central) nesta quinta-feira. O dado, contudo, veio melhor que expectativa de superávit de 35 milhões de dólares apontada em pesquisa Reuters. No fim de junho, o BC melhorou sua projeção para o déficit em transações correntes neste ano a 11,5 bilhões de dólares, sobre 23,3 bilhões de dólares antes, num ajuste puxado principalmente pela expectativa de melhor saldo nas trocas comerciais.
Mesmo assim, o dado deverá ser pior que o déficit de 9,762 bilhões de dólares de 2017, já que com a expectativa de desempenho um pouco melhor para a economia neste ano as importações devem reagir, resultando numa balança comercial menos robusta. Após uma alta de 1 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado, a expectativa oficial do governo é que a economia cresça 1,6 por cento em 2018.
“Evidências apontam para que no mês de junho ainda houve impacto na greve dos caminhoneiros nas exportações brasileiras”, afirmou a jornalistas o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, referindo-se à paralisação da categoria ocorrida em maio e que afetou fortemente a atividade econômica.
Segundo o BC, em junho, o superávit da balança comercial foi de 5,512 bilhões de dólares, abaixo do patamar de 6,959 bilhões de dólares do mesmo mês do ano passado. Ao mesmo tempo, os gastos líquido de brasileiros no exterior ficaram praticamente estáveis em 1,109 bilhão de dólares, ante 1,133 bilhão de dólares um ano antes. Já as remessas de lucros e dividendos para fora tiveram ligeiro acréscimo a 1,330 bilhão de dólares, ante 1,231 bilhão de dólares em junho do ano passado.
O BC informou ainda que, em junho, os IDP (Investimentos Diretos no País) somaram 6,533 bilhões de dólares, também acima da projeção de analistas de 6,0 bilhões de dólares em pesquisa Reuters.
No primeiro semestre, o resultado das transações correntes ficou negativo em 3,586 bilhões de dólares, sobre superávit de 584 milhões de dólares em igual etapa de 2017. Em 12 meses, esse déficit chegou a 13,932 bilhões de dólares, equivalente a 0,70 por cento do Produto Interno Bruto.
Reservas
A pesquisa CBE (Capitais Brasileiros no Exterior) fornece panorama dos investimentos realizados por empresas e pessoas físicas residentes no Brasil em ativos no exterior. As principais modalidades de investimento são investimento direto, investimento em portfólio (ações e títulos), e outros investimentos (concessões de créditos comerciais e empréstimos, depósitos e imóveis). O CBE é a principal fonte de dados para a compilação de estoques dos ativos externos que compõem a PII (Posição de Investimento Internacional), à exceção dos ativos de reserva. A pesquisa anual de CBE é conduzida pelo Banco Central desde 2001 e é obrigatória para pessoas físicas e jurídicas detentoras de ativos no exterior, ao fim de cada ano-base, em montante igual ou superior ao equivalente a US$100 mil.
Os dados coletados no CBE ano-base 2017 foram compilados e incorporados às estatísticas da PII. Em 2017, a posição total de ativos brasileiros no exterior atingiu US$498,8 bilhões, recorde da série histórica, e expansão de 9,4% em relação à posição de 2016.
Dentre as modalidades, destaque-se o Investimento direto – Participação no capital, modalidade de maior importância em toda a série, e que contribuiu para a ampliação dos estoques investidos no exterior em 2017 (elevação de US$42,9 bilhões ante 2016, equivalentes a 13,6%), acumulando US$357,9 bilhões. Esse tipo de investimento compreende alocações de capital em empresas não residentes, em que o investidor residente detenha 10% ou mais do poder de voto na empresa no exterior, além da posse de imóveis.