Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 23 de abril de 2025
A decisão surpreendeu muita gente que considerava que já estava tudo acertado para Pedro Lucas Fernandes assumir as Comunicações.
Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos DeputadosA recusa do União Brasil em indicar o sucessor de Juscelino Filho (MA) para o Ministério das Comunicações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, depois de um impasse de 14 dias diante do convite do presidente ao deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA), é fruto de um cálculo bem pragmático do presidente do partido, Antonio Rueda.
A decisão surpreendeu muita gente que considerava que já estava tudo acertado entre os principais caciques da legenda – Rueda e o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP) –, ao convencer Juscelino Filho a pedir demissão após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por organização criminosa, fraude licitatória, peculato e corrupção ativa.
Rueda, porém, começou a roer a corda quando se deu conta de que poderia ficar sem a liderança do partido na Câmara dos Deputados e acabar não mandando de fato nas Comunicações. Isso porque, ao indicar Pedro Lucas, visto no governo como um preposto seu, Rueda teria que abrir mão da liderança na Câmara.
Em troca, Alcolumbre queria que o novo líder da bancada de 59 deputados fosse o próprio Juscelino. Só que, enquanto esteve no ministério, Juscelino teria nomeado vários aliados de Alcolumbre para cargos-chave, que Pedro Lucas dificilmente conseguiria substituir.
Considerando que Rueda também não tem nenhum outro cargo no governo, mas hoje negocia em nome da bancada indicações para comissões, relatoria de projetos e barganha em votações específicas, pareceu claro ao presidente do União Brasil que o ministério, para ele, representaria um grande prejuízo.
Além disso, com o União dividido entre o apoio ao governo ou a ida para a oposição, Rueda não teria votos para eleger um novo líder batendo de frente com Alcolumbre.
“Hoje para o Rueda vale mais sentar à mesa para negociar com o Hugo Motta [presidente da Câmara] do que ter um ministro que não manda nada. E como ele não tem mais nenhum outro cargo no governo, ir para a oposição e negociar no varejo é bem melhor”, diz um dos interlocutores próximos de Rueda, que acompanhou o movimento nos bastidores.
Esse cálculo também considera que, mesmo irritado com o União, Lula não vai tirar de Alcolumbre nem um milímetro do espaço que o presidente do Senado já tem na máquina federal. Lula hoje precisa do senador. Periga ainda oferecer a ele uma compensação para a perda das Comunicações. Se isso ocorrer, Alcolumbre já sabe o que vai pedir: a vaga de Alexandre Silveira (PSD), que ele há meses tenta destronar do Ministério de Minas e Energia. As informações são do blog da Malu Gaspar, no jornal O Globo.