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Por Redação O Sul | 15 de junho de 2019
Uma audiência na 5ª Vara de Órfãos e Sucessões no Rio nesta sexta-feira (14), às 11h, escreveu mais um capítulo no processo que define o futuro de João Gilberto — como informou a coluna de Ancelmo Gois no jornal O Globo de quinta-feira (13). Estiveram presentes apenas o juiz Renato Lima Charnaux Sertã e os advogados das partes — o próprio cantor e seus filhos Bebel Gilberto e João Marcelo Gilberto.
Foi determinado que a curatela de João Gilberto vai continuar com a filha dele Bebel Gilberto. Como se sabe, Bebel e o irmão, João Marcelo, brigam na justiça para representar o pai. Em abril, João Marcelo acusou Bebel de roubar dinheiro de João. Ela tem a curatela do pai — interditado provisoriamente enquanto não se chega à sentença final do processo sobre a interdição.
“Ele se sente um prisioneiro, a Bebel só dá R$ 1.000 por semana. Ela está roubando todo o dinheiro do meu pai, vivendo que nem uma rainha. Cortou o orçamento dele para pedir comida no restaurante Degrau (no Leblon) , o que ele fazia há anos”, disse João Marcelo na ocasião.
Mesmo sendo Bebel a curadora do pai, o advogado de João Marcelo, Gustavo Carvalho Miranda (que esteve na audiência com o sócio Raphael Fonseca), conseguiu junto ao juiz o direito de representar também o cantor.
“Não entendo como se permitiu isso”, diz Simone Kamenetz, que representa Bebel. “Quando o juiz determinou a curatela mesmo antes da sentença foi porque entendeu que de fato há indícios fortes de que João precisa de uma pessoa pra gerir suas decisões. E Bebel é sua curadora.”
Simone conta que João Marcelo não procurou a irmã em momento nenhum para saber do pai ou ter acesso às prestações de contas que Bebel é obrigada a fazer como curadora. João Marcelo, por sua vez, tem alegado que Bebel lhe sonega informações sobre as condições físicas e financeiras de João.
“Na audiência, foi ouvido o perito médico nomeado pelo juiz para avaliar João Gilberto”, conta Miranda. “Foi feita uma perícia inicial no final do ano passado e ainda será feita uma nova perícia, que incluirá análise de exames médicos que estão sendo providenciados por sua companheira Maria do Céu. O que exatamente o perito irá dizer não sabemos.”
Processo vem de 2017
O advogado levou também questionamentos do próprio cantor sobre seu processo de interdição:
“Serão discutidos os rumos da interdição de João Gilberto, com foco no seu bem estar. Estamos representando João Gilberto a fim de obter para ele, sua companheira Maria do Céu e seu filho João Marcelo todos os esclarecimentos necessários”, disse antes da audiência.
Bebel Gilberto pediu em novembro de 2017 a interdição do pai — o que significa que o cantor não estaria mais autorizado a praticar atos como assinar contratos e movimentar dinheiro, por ser percebido como incapaz de tomar decisões dessa natureza. Na época, sua advogada explicou a medida em um texto, dizendo que o cantor “já vem apresentando, há alguns anos, um quadro confusional, que não o permite compreender com clareza e exatidão os atos jurídicos que lhe são solicitados por terceiros, resultando numa situação atual de absoluta penúria financeira”.
“Nossa ideia desde o início era fazer o processo junto com João Marcelo, que na época fez exigências, entre elas que não queria gastar nenhum tostão”, explica Simone. “Depois ele parou de nos responder. Agora reapareceu com um advogado para entrar no processo tardiamente. Mas ainda bem que entrou.”