Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de fevereiro de 2016
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Beatriz Fagundes
O caso do ex-presidente FHC com o jornalista Miriam Dutra ex-globo faria parte apenas das muitas histórias de amores clandestinos entre presidentes e “outras”, como publicamos aqui ontem, não fossem as acusações de favorecimentos do BNDES à Globo e a “mesada” de três mil dólares garantidos por um contrato com empresa concessionária de serviços federais.
Até o fato de que a jornalista insinuar que os dois exames de DNA que comprovariam que FHC não é o pai biológico de Tomás poderiam ser fake, pouco importa, passando a ser um caso de Direito de Família, direito a herança e coisa e tal. Apesar do silencio da grande mídia, especialmente do Jornal Nacional, sobre a decisão da ex-amante abrir o bico e contar décadas depois, os fatos tiveram desdobramentos nas últimas horas.
Eis a integra de nota divulgada pelo Ministério da Justiça: “O Ministério da Justiça informa que a Polícia Federal, no âmbito das suas competências constitucionais, determinou nesta sexta-feira (26) a abertura de inquérito para apurar a ocorrência de eventuais ilícitos criminais noticiados por Miriam Dutra Schimidt, em matéria publicada pela Folha de São Paulo, na coluna Monica Bergamo, no último dia 17 de fevereiro de 2016. O inquérito tramitará em sigilo, na forma da legislação em vigor”.
Ao mesmo tempo em que MJ anunciava a decisão, foi dada a informação de que um dos principais conselheiros (dizem) da presidenta Dilma, José Eduardo Cardozo, cogita mais uma vez deixar o governo.
De acordo com nota da colunista Monica Bergamo (FSP), interlocutores do ministro dizem que “ele está sendo atacado pela esquerda e ao mesmo tempo pela direita. São movimentos injustos e esquizofrênicos” e que estariam deixando o ministro esgotado (?). Cardozo se sair sairá como entrou discretamente, pois em nenhum momento foi duro na exigência de esclarecimentos sobre os vazamentos seletivos de operações e investigações da Polícia Federal sua subordinada. Para provar ser um “democrata”, agiu sempre com omissão e frouxidão.
Voltando à determinação de abertura de inquérito, esta terá como base a revelação feita por Miriam de que FHC se valeu da empresa Brasif Exportação e Importação, concessionária à época do governo FHC das lojas duty free nos aeroportos brasileiros. Miriam afirma que tucano teria depositado US$ 100 mil na conta da Brasif, a qual, em nota, confirmou ter contratado a jornalista Miriam Dutra Schmidt, em 2002, por indicação de Fernando Lemos, cunhado da jornalista. Negou que FHC tivesse qualquer participação no pedido. A nota informa que a Brasif Duty Free Shop e a Eurotrade Ltd. foram vendidas em 2006. Nesta semana, deputados do PT e do PCdoB foram ao Ministério da Justiça apresentar formalmente um pedido de investigação sobre as denúncias de Miriam Dutra contra Fernando Henrique. Até aqui, tudo dentro da normalidade.
Caso antigo envolvendo autoridade e dinheiro público supostamente usado de forma indevida e/ou criminosa não fosse um detalhe sinistro: A Brasif teve todos os seus documentos, desde a fundação da empresa até setembro de 2014, destruídos num incêndio ocorrido no dia 3 de outubro 2014. Exatamente na sexta-feira anterior ao primeiro turno da eleição presidencial, que ocorreu no dia 5. O comunicado do incêndio foi publicado em diversos veículos, mas pode ser acessado no site Jusbrasil. O incêndio ocorreu no depósito da Memovip Guarda de Documentos Ltda, que fica em Contagem (MG).
Não sobrou nada para contar a sua história. Todos, que oportuno hein? Todos documentos fiscais e trabalhistas viraram pó. Entre eles, estariam o contrato de trabalho de Miriam Dutra, os da concessão para operar os Dutty Free de aeroportos durante o governo Fernando Henrique Cardoso e, claro, os que tratavam do helicóptero e do triplex em Paraty pertencente à família Marinho. Helicóptero e triplex da família Marinho? Bom, daí já é outra parte da história! Podemos acreditar na seriedade de uma investigação com essas peculiaridades? Ora, se acreditamos na Polícia Federal da Lava-Jato, por que duvidar da PF nesse caso? Ou podemos tirar o “cavalinho da chuva”? “O tempo”, diria Collor “é o Senhor da razão”! Pois é, no caso dele também não deu nada! Oremos!
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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