Quarta-feira, 08 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de agosto de 2024
O cenário de turbulência no mercado financeiro mundial nos últimos pregões jogou a favor do Banco Central (BC) brasileiro, que endureceu mais uma vez o tom na ata do Copom divulgada na terça-feira (6), mas pediu mais tempo para decidir o que fazer.
O BC foi enfático ao dizer que “não hesitará” em subir a Selic (taxa básica de juros) em caso de piora do cenário, mas também afirmou que não há estratégia definida e que pode também, simplesmente, manter os juros em 10,5% por tempo prolongado.
De um jeito ou de outro, o tom foi mais duro em relação ao comunicado inicial da reunião, e isso será importante para que o BC ganhe mais credibilidade durante as incertezas em torno da transição para a presidência do banco.
Com o risco de recessão nos Estados Unidos e a forte volatilidade dos ativos, essa parece ser a estratégia mais adequada até a próxima reunião, em setembro. A única certeza, por ora, é de que não há previsão de novos cortes da Selic, como defendem vários integrantes do governo Lula. Isso é importante para mostrar que a nova diretoria tem uma visão técnica e que não pretende sucumbir a pressões políticas.
O tamanho da ata desta reunião já demonstra como o cenário ficou mais desafiador, com sete parágrafos a mais em relação ao texto da reunião de junho. O parágrafo mais importante é o 25, no qual o BC dá os três principais recados: não há cenário fechado sobre o que vai fazer, pode manter a Selic, pode elevar a taxa. Em seu balanço de riscos para a inflação, o BC também ficou mais pessimista, ao afirmar que, “durante as discussões, todos os membros concordaram que há mais riscos para cima na inflação, inclusive com vários membros enfatizando a assimetria do balanço de riscos”.
Com o cenário externo mais duvidoso e com o mercado precificando riscos tanto na política fiscal quanto na política monetária, o BC acerta ao indicar que pode subir a Selic, mas sem se comprometer com qualquer decisão. A volatilidade está extremamente elevada, e um passo em qualquer direção pode rapidamente se transformar em um grande equívoco.
Como os juros reais no País permanecem elevados, ninguém poderá, neste momento, acusar o BC de ser leniente com a inflação. O melhor, neste momento, é endurecer o discurso e manter a cautela.