Quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de maio de 2018
O diretor da agência de espionagem britânica MI5, Andrew Parker, acusou a Rússia, nesta segunda-feira, de tentar subverter as democracias ocidentais semeando desinformação e disseminando mentiras.
No primeiro discurso público de um chefe do MI5 no exercício do cargo fora do Reino Unido, Parker disse em Berlim que seu país não quer aumentar as tensões com Moscou, mas que uma série de ações recentes agressivas e prejudiciais dirigidas pelo Kremlin são inaceitáveis.
“Ao invés de se tornar uma grande nação respeitada, a Rússia corre o risco de se tornar uma pária mais isolada”, disse Parker, que contou já ter estudado russo, a uma plateia na capital alemã.
“A agora já bem desenvolvida doutrina do Estado russo de misturar manipulação da mídia, desinformação nas redes sociais e distorção, juntamente com formas antigas e novas de espionagem e altos níveis de ataques cibernéticos, força militar e bandidagem criminosa, é o que significa hoje em dia o termo ameaças híbridas”.
Parker disse que a cooperação com parceiros da União Europeia é essencial para se resguardar das ameaças de militantes islâmicos e da Rússia.
“Não devemos arriscar a perda da capacidade mútua ou o enfraquecimento do esforço coletivo em toda a Europa. Devemos isso a todos os nossos cidadãos em toda a Europa”.
Crise
Em março, o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia foram encontrados inconscientes em um banco de um shopping na cidade britânica de Salisbury.
O Reino Unido acusou Moscou de orquestrar o ataque que, de acordo com especialistas britânicos, foi utilizado agente nervoso A234. Logo após o incidente, Londres anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos. Desde então, mais de 25 países expulsaram diplomatas russos “em solidariedade” a Londres.
Moscou negou qualquer participação no envenenamento, apontando falta de evidências fornecidas por Londres para fundamentar suas acusações. A Rússia também ofereceu assistência na investigação. No entanto, o pedido de Moscou de amostras da substância química usada para envenenar Skripal foi rejeitado.
Nas palavras de Parker, o envenenamento do ex-agente Sergei Skripal foi um “ato premeditado e planejado” do Kremlin.
Ataques devastadores
Andrew Parker também afirmou nesta segunda-feira que o grupo radical Estado Islâmico pretende levar a cabo ataques “devastadores” na Europa depois de ter perdido territórios no Oriente Médio.
O diretor dos serviços de espionagem britânico avisa sobre os perigos de novas ações radicais depois do ataque ocorrido no fim de semana em Paris em que quatro pessoas foram feridas à faca por um homem que acabou abatido pela polícia.
Andrew Parker indicou ainda que 12 “atentados terroristas” foram evitados no Reino Unido desde o ataque que ocorreu frente ao Parlamento britânico, em 2017.