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O ciclo de alta da taxa básica de juros está perto do fim, de acordo com o Banco Central

A alta dos juros vem em resposta ao crescimento da inflação. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

O Banco Central (BC) indicou que o fim do ciclo da alta dos juros básicos, que levou a Selic (taxa básica de juros) de 2% no início do ano passado para 11,75% na última semana, está próximo do fim.

A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu pela elevação de 1 ponto percentual na taxa básica de juros mostra que a avaliação do BC é de que um patamar de juros em 12,75% seria suficiente para colocar a inflação de 2023 na meta.

“O Copom avaliou que, considerado esse viés devido à assimetria de riscos, suas projeções se encontram acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta para 2022, e ainda ao redor da meta para 2023. Diante desses resultados, e da avaliação do Comitê a respeito da probabilidade de cada cenário, o Copom considerou que, neste momento, um ciclo de aperto monetário semelhante ao utilizado nos seus cenários é o mais adequado”, apontou o documento.

Como o Copom já indicou que deve fazer uma nova elevação de 1 p.p na próxima reunião, que acontece em maio, a Selic estaria próxima do patamar suficiente para controlar a inflação no próximo ano. O último relatório Focus, contudo, prevê Selic em 13% ao final deste ano.

Choque de oferta

“A trajetória de juros projetada implica patamar significativamente contracionista da política monetária, que tem impacto principalmente na inflação de 2023, e é compatível com o combate aos efeitos de segunda ordem do atual choque de oferta”, diz a ata.

As alterações na Selic tem um efeito defasado, ou seja, demoram de seis a nove meses para ter impacto nos juros praticados. Por isso, o BC está olhando cada vez mais para a inflação de 2023 do que de 2022.

Apesar de indicar que o fim do ciclo está próximo, o BC não descartou a possibilidade de elevar ainda mais os juros caso seja necessário.

“O Copom avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário”, enfatizou.

A economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, aposta que os juros precisarão de mais uma elevação, chegando a 13,25% em junho.

“Eu acredito que ele vai se apoiar na porta aberta que deixou para caso o cenário seja um pouco mais pessimista. Caso a gente tenha um hipótese de trajetória mais agressiva dos preços de petróleo ele pode rever e dar continuidade ao reajuste”, disse.

Para Mauricio Oreng, superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander, o fim do ciclo de altas também deve terminar em uma Selic de 13,25%. O economista ressalta que as expectativas de inflação devem continuar subindo e que o cenário ainda traz muita incerteza por conta da guerra.

“Essa alta dos juros em junho (para 13,25%) pode acontecer ou não acontecer e vai depender do cenário. Estamos baseados em uma ideia de como achamos que o cenário vai evoluir, mas se o cenário não piorar, é o que o Banco Central colocou, os 12,75% e encerra o ciclo”, apontou.

Efeitos da guerra 

A ata mostrou uma preocupação com os possíveis efeitos da guerra na Ucrânia na economia brasileira. Como já tinha sido mostrado no comunicado de semana passada, a avaliação é que o cenário externo “se deteriorou substancialmente” e houve um aumento da incerteza no cenário mundial.

Segundo o documento, o choque de oferta causado pelo conflito, como nos combustíveis e alimentos, tem potencial para “exacerbar pressões inflacionárias” no mundo todo.

A barreira dos US$ 100 é novamente rompida em janeiro de 2011, pelo risco de os protestos da revolta no Egito e da Primavera Árabe se espalharem pelos países produtores de petróleo do Oriente Médio. O Egito não é um produtor essencial, mas integra importantes rotas de escoamento, tanto via Canal de Suez como via oleoduto Suez-Mediterrâneo.

Ano inicia com o barril acima de US$ 100, com as sanções impostas ao Irã, suspeito de usar seu programa nuclear para desenvolver armas nucleares. Em represália, o Irã ameaça interromper suas entregas para a Europa. Grande parte do petróleo dos países do Golfo transita pelo Estreito de Ormuz, passagem que o Irã ameaçava fechar.

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