Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de novembro de 2018
O Conselho de Administração da montadora japonesa Mitsubishi Motors anunciou nesta segunda-feira (26) que destituiu o presidente Carlos Ghosn. Na quinta-feira (22), o executivo brasileiro já tinha sido afastado do Conselho de Administração da Nissan após prisão na semana passada por sonegação fiscal.
Um breve comunicado afirma que a diretoria do grupo considerou “difícil” manter no cargo o poderoso executivo, detido há uma semana em Tóquio. Ghosn era o principal responsável da Mitsubishi Motors desde 2016, quando esta empresa passou a ser controlada pela Nissan Motor para, mais adiante, se integrar a uma aliança tripla junto com a francesa Renault.
Um dos executivos mais poderosos da indústria automotiva, Ghosn é acusado de não declarar mais de 5 bilhões de ienes (o equivalente a R$ 167,4 milhões) de seu pagamento como presidente da montadora. As fraudes fiscais ocorreram entre 2010 e 2015, diz a promotoria japonesa.
Na última terça-feira (20), a Renault decidiu manter Ghosn como presidente-executivo e presidente do conselho, criando um comando interino. Na segunda, o presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, disse aos funcionários da montadora que a parceria com a Renault “precisa ser revista”, segundo a agência japonesa Kyodo News. De acordo com ele, o relacionamento com a parceira francesa “não é igual”.
Início do escândalo
Em meio a notícias de que o executivo estaria prestes a ser preso, a Nissan divulgou nota com esclarecimentos sobre o caso. A montadora afirmou que pretendia retirar Ghosn do cargo que ocupa como presidente do conselho de administração, afirmando que ele “declarou durante anos renda inferior ao valor real”, de acordo com os resultados de uma investigação interna.
“Além disso, se tratando de Ghosn, numerosos outros atos de conduta errônea foram descobertos, como uso pessoal dos ativos da companhia. A Nissan está fornecendo informação aos promotores públicos do Japão e está cooperando com as investigações”, disse a nota da empresa.
Em uma entrevista coletiva convocada às pressas no Japão, o presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, pediu desculpas aos acionistas e “às partes interessadas”, lamentando por ter “traído a confiança” deles, de acordo com o site do jornal japonês Asashi.
Brasileiro, natural de Porto Velho (RO), Ghosn foi presidente da montadora japonesa entre 2001 e 2017. Ele deixou o cargo no ano passado para cuidar das parcerias com Renault e Mitsubishi, montadora que foi adquirida após passar por escândalos de fraude e na qual ele era membro do conselho. Apesar disso permaneceu como presidente do conselho na Nissan. Um raro executivo estrangeiro no topo da carreira no Japão, Ghosn é bem visto por ter tirado a Nissan da beira da falência.