A entidade já avisou o Ministério da Saúde que não encontrou na literatura científica nenhum estudo que comprove que o remédio funcione para o tratamento. A tendência, portanto, é de não recomendar o uso indiscriminado, apesar dos apelos de Jair Bolsonaro. A médica Nise Yamaguchi, que virou conselheira do governo, foi ouvida por três horas por integrantes do conselho, mas não os convenceu.
“Foi uma belíssima reunião científica, com mais de 3 horas”, disse Nise. De outro lado, de acordo com informações de bastidores, para conselheiros, o encontro serviu para que vissem que, de fato, ela não se baseia em nada científico, mas apenas na sua percepção. O conselho ainda discute, no entanto, qual modulação vai dar no posicionamento, se vai liberar médicos para prescrever a droga caso julguem necessário.
O plano do CFM é lançar um documento ao lado das sociedades de especialidades que têm relação com a doença, como as de Infectologia, Terapia Intensiva e Pneumologia. A previsão é que o posicionamento das entidades seja o mais novo embate entre o presidente e Luiz Henrique Mandetta (Saúde). O ministro vai mandar se basear na orientação do conselho, na contramão do que quer Bolsonaro.”Não há nenhum tratamento eficaz e seguro para o coronavírus. Não há estudo clínico que diga que ajuda ou não ajuda”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clóvis Arns.
São Paulo
O número mortos por coronavírus no estado de São Paulo subiu para 588 neste domingo (12). Há mais de uma uma semana, em 4 de abril, eram 260 mortes, segundo divulgou a Secretaria Estadual de Saúde. No sábado (11), eram 560 mortes confirmadas.
Entre as vítimas fatais, estão 339 homens e 249 mulheres. Os óbitos continuam concentrados em pacientes com 60 anos ou mais, totalizando 73,4% das mortes. As mortes foram registradas em 63 municípios do estado. O número de casos confirmados foi de 8.419, no sábado, para 8.755 neste domingo. Já são 162 cidades com pelo menos um caso, o que representa um município em cada quatro do estado, crescimento de 63,6% em uma semana.
O estado de São Paulo tem 39% das confirmações da doença no Brasil e mais de 3 vezes o número do Rio de Janeiro, segundo local mais afetado no país. Após ter subido dez pontos percentuais entre quinta-feira (9) e a sexta-feira Santa (10), a taxa de isolamento social caiu de novo no sábado (11) e chegou a 55% no estado de São Paulo (veja gráfico acima), segundo o sistema de monitoramento inteligente do governo estadual feito com base nos dados dos celulares da população. (saiba como o sistema funciona).
Na segunda (6) e terça (7), o estado tinha taxa de 54% de isolamento, que caiu para 49% na quarta e chegou a 47% na quinta (9), menor taxa já registrada desde o início da quarentena. Na sexta, o índice subiu para 57% e caiu para 55% no sábado. Segundo o governo estadual, para controlar a disseminação da Covid-19, o índice ideal é de 70%. O estado nunca chegou a esta taxa: o ápice da quarentena em São Paulo ocorreu no último domingo (5), com 59% de adesão. O índice de isolamento social caiu 12,9% na última semana.