O consumo de combustíveis em geral teve forte retração no Brasil em abril, em meio ao impacto de medidas de isolamento adotadas para conter a disseminação do coronavírus, com a demanda por etanol despencando 49% na comparação anual, disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, nesta quinta-feira (7).
A demanda por diesel, o combustível mais utilizado do Brasil, fechou o mês passado com queda de 20%, enquanto na gasolina houve recuo de 35% ante abril de 2019, mostraram dados do ministério, apresentados por Albuquerque em transmissão ao vivo do Tribunal de Contas da União (TCU) pela internet.
O querosene de aviação teve a maior baixa na demanda, de 84%, enquanto o gás liquefeito de petróleo (GLP), ou gás de cozinha, foi o único com avanço, de 12%, com consumidores estocando botijões devido à decretação de quarentenas pelo país.
Já a demanda por gás natural caiu 33% em abril na comparação com mesmo mês do ano passado.
Debates
Bento Albuquerque participou nesta quinta de dois debates sob a forma de webinário. O primeiro, pela manhã, organizado pelo presidente do TCU, José Múcio Monteiro, sobre “Os Impactos da Pandemia sobre os Negócios de Energia”, e o segundo, à tarde, sob a chancela do BTG Pactual sobre as “Perspectivas do Setor Elétrico”. Em ambos Albuquerque destacou a robustez dos setores elétrico, mineral e de petróleo, gás e biocombustíveis, que, durante este período de isolamento social, mantiveram a infraestrutura em funcionamento, garantindo o abastecimento do País.
Com o TCU, Bento Albuquerque teve oportunidade de atualizar todos os temas da Pasta em debate com o Ministro Benjamim Zymler e tratar das ações e articulações do MME em torno das medidas adotadas para enfrentar os impactos da pandemia nos setores de infraestrutura de energia e mineração, bem como sobre aquelas medidas que vão estruturar os setores para retomar a economia após a crise sanitária atual.
Em sua apresentação aos Ministros do TCU, Albuquerque discorreu sobre os principais impactos sobre os setores: queda na demanda e o aumento da inadimplência no setor elétrico; queda na demanda por combustíveis, acompanhada de queda nos preços do petróleo no mercado internacional e restrições que implicaram na paralisação das atividades no setor mineral.
“Para ter ideia da magnitude desses impactos, tivemos uma redução da carga de energia elétrica de cerca de 20%, que significa o consumo de todo o Nordeste brasileiro”, disse o Ministro ao prever uma sobrecontratação média nas distribuidoras a ordem de 15% neste ano de 2020. A inadimplência do setor, com dados de final de abril, chegou a 12%, com impacto de quase R$2 bilhões nas distribuidoras.
Bento Albuquerque informou aos Ministros do TCU que o consumo mundial de petróleo sofreu uma queda da ordem de 29 milhões de barris/dia, com uma queda nos preços da commodity da ordem de 71%. “Voltamos a patamares nunca antes visto no século XX”, disse o ministro.
Ao final de sua participação no debate do BTG Pactual, o ministro enviou uma nova mensagem de otimismo: “Ninguém vai ficar para trás! Vamos continuar mantendo diálogo com todos os setores, aproveitar as lições aprendidas com as crises do passado para não cometer os mesmos erros”, disse. As informações são da agência de notícias Reuters e do Ministério de Minas e Energia.