O cultivo do arroz deve voltar com tudo e até mesmo ganhar espaço da soja no Rio Grande do Sul. Principal motivo: os preços. Enquanto o da oleaginosa está ruim para os gaúchos (descapitalizados após as enchentes de maio), o do cereal teve valorização com a possível quebra de safra e deve passar por uma onda de altas de cotação.
A avaliação é do consultor de agronegócio do Itaú BBA, Fernando Alves, de São Paulo. Questionado pelo portal de “O Globo”, ele manifestou otimismo em relação à retomada da produção gaúcha para a safra 2024-25. Ele ressalta que o avanço dos arrozais sobre áreas onde anteriormente havia soja é uma decisão considerada pela categoria:
“O caixa do produtor de soja no Rio Grande do Sul ficou machucado e os preços de arroz estão recompensadores com o cenário de margem melhor para o cereal”.
Com isso, a indicação do analista é de que produtores vendam os estoques de arroz que estavam segurando para que essa armazenagem não aumente e haja o risco de derrubada de preços: “O produtor vai precisar comercializar ao longo da safra para ter caixa mai saudável. Vemos preços sustentados para o arroz, parecido com que os do ano passado”.
O preço do arroz no Rio Grande do Sul – principal produtor nacional – aumentou 2,82% apenas em julho, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em 31 de julho, a referência estava em R$ 116,49 pela saca de 50 quilos. Foi o quarto mês seguido de valorização do cereal, amenizando a queda acumulada no ano.
Pesquisadores avalam que a demanda mais firme, especialmente de tradings, ajudou a sustentar os preços do produto. A disputa dos compradores ajudou a elevar as ofertas de valores para a aquisição do cereal. Nos primeiros dias de agosto, o mercado vem mantendo a tendência e o indicador do Cepea acumula elevação de 0,4% até a terça-feira (6), quando alcançou R$ 116,96 a saca.
Importação
O consultor Fernando Alves considera, ainda, que a intenção do governo federal de importar arroz é inviável, tanto sob os pontos-de-vista logístico quanto comercial. A polêmica ideia de um leilão para compra do cereal produzido em outros países foi uma tentativa de evitar a subida de preços em função da tragédia climática no Rio Grande do Sul.
“O arroz que supostamente seria comprado daria para abastecer pequenos mercados em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. Isso não faz sentido. O câmbio inviabiliza a transação”.