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O custo do colapso da Venezuela aumenta para os países vizinhos, principalmente para a Colômbia que já abriga mais de um milhão de venezuelanos refugiados

Venezuelanos refugiados no Brasil. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O custo do colapso da Venezuela aumenta progressivamente para os países vizinhos, principalmente para a Colômbia, que já abriga 1,2 milhão de refugiados. As informações são do jornal O Globo.

O Fundo Monetário Internacional estima que o fluxo crescente e constante de venezuelanos representará para a Colômbia, no próximo ano, um custo fiscal adicional equivalente a 0,4% do Produto Interno Bruto.

Despesa extraordinária

Significa uma despesa extraordinária de US$ 1,5 bilhão, cerca de R$ 4,6 bilhões, para os 40 milhões de colombianos. É algo considerável para uma sociedade que ainda tenta vencer uma guerra interna, iniciada há cinco décadas, contra múltiplos agrupamentos de guerrilha associados a cartéis de narcotraficantes urbanos e rurais.

Para enfrentar a emergência socioeconômica provocada pelo derretimento da Venezuela, o governo colombiano decidiu afrouxar um pouco suas metas fiscais para este e o próximo ano.

Pode fazê-lo sem arranhar a própria credibilidade, porque há tempos a economia cresce em bases sólidas. O PIB avançou 1,4% em 2017, foi a 2,7% no ano passado e prevê-se que neste ano cresça 3,6%.

Colômbia vai precisar revisar a sua estrutura fiscal

Para manter esse desempenho a médio prazo, arcando com os custos extraordinários do êxodo venezuelano, a Colômbia vai precisar revisar a sua estrutura fiscal. Entre as alternativas em debate estão mudanças na estrutura tributária, mais simplificada e menos onerosa para empresas e trabalhadores do que, por exemplo, o sistema do Brasil. O

FMI sugeriu ao governo de Bogotá iniciativas de apoio àquilo que definiu como uma reforma tributária “contínua”. Entende que devem ser tomadas medidas para alavancar um processo de crescimento mais inclusivo, com melhor repatriação da renda nacional, e ao mesmo tempo manter a solidez das finanças do setor público.

Desafio político

É um desafio político, principalmente porque as pressões fiscais derivadas do súbito aumento no fluxo de migrantes venezuelanos ocorrem numa etapa de aumento da dívida pública colombiana.

A sugestão de foco em medidas de crescimento inclusivo, na formulação do FMI, atenuaria o impacto social, estimularia a formalidade nas atividades econômicas, e poderia representar um ganho a médio prazo de 2% a 3% na arrecadação tributária. Desde que, claro, mantido o controle rígido dos gastos e do endividamento público.

Chegou a hora de o governo colombiano decidir qual rumo que tomar diante dessa crise migratória.

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