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Colunistas O dilema na produtividade no Brasil

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Segundo projeções do FMI, economia brasileira vai ultrapassar Itália em 2024. (Foto: Freepik)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A economia brasileira tem se mostrado resiliente perante o cenário mundial nos últimos anos, muito devido às reformas estruturantes que foram submetidas e muitas delas aprovadas pelo Congresso Nacional. No entanto, o ciclo se repete e, de forma constante, alguns assuntos ditos como “remédios amargos” voltam e atraem a atenção dos policy makers brasileiros. Um fator pouco discutido dentro do debate econômico, político e regulatório é a produtividade da economia brasileira.

Por muito tempo, flutuamos em um crescimento embasado no bônus demográfico. Onde tínhamos mão de obra ativa e apta a trabalhar em níveis superiores aos atuais. Estamos vivendo uma inversão da pirâmide demográfica, e, com isso, menos massa apta ao trabalho e pressão nos gastos previdenciários são as consequências. Em 1960, cada casal tinha em média 6,3 filhos; em 2012, esse número caiu para 1,7. A população com mais de 65 anos cresce 3,5% ao ano.

Isso nos alerta para um desafio: produzir mais com menos. Desafio que nunca foi encarado de forma séria no Brasil. Países desenvolvidos aproveitaram o bônus demográfico para expandir políticas educacionais, investir em infraestrutura, abrir-se comercialmente e passar por uma virada tecnológica. Para fins de comparação, a Coreia do Sul, que tinha uma produtividade similar à brasileira na década de 80, se aproxima de uma produtividade 60% da americana. Já o Brasil caiu para 25% em relação aos americanos.

Um exemplo excelente é nosso agronegócio, que cresce ininterruptamente em produtividade ano a ano, muito pelo investimento em P&D e virada tecnológica, crescendo 160% entre 1990 e 2009. Mas uma pergunta que sempre surge: caso o Brasil tivesse a mesma composição setorial que os Estados Unidos, seríamos mais produtivos? Segundo pesquisas, aumentaríamos a produtividade em 68%. Caso o Brasil mantivesse a composição atual, mas importasse a produtividade dos micro setores americanos, nossa produtividade seria 430% maior. Ou seja, menos de 10% da variação de produtividade advém da composição setorial.

O desafio é aumentar os investimentos em educação básica, diminuir a insegurança jurídica e os privilégios setoriais para que a competição seja plena e livre, e, é claro, não menos importante, a abertura comercial. Afinal, um ambiente de negócios favorável, propício a novas tecnologias, como agora a Inteligência Artificial, irá gerar acessibilidade e oportunidades para os brasileiros.

Junior Calza – membro do Grupo FRONT, economista, professor e empreendedor.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/o-dilema-na-produtividade-no-brasil/ O dilema na produtividade no Brasil 2024-03-06
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