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O diretor-presidente da Anvisa deu detalhes de como será produzida a vacina de Oxford, que já recebeu recurso do governo federal

Segundo a entidade, a ideia é que as medicações em questão estejam disponíveis entre 2022 e 2023. (Foto: Divulgação)

O processo de produção de vacinas contra o novo coronavírus ganhou ainda mais força no noticiário brasileiro desta semana após o Ministério da Saúde anunciar a compra de doses da CoronaVac e, depois, recuar a pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em entrevista à CNN Brasil nesta quinta-feira (22), o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres explicou o processo e deu detalhes como será produzida a vacina da Universidade de Oxford, que já recebeu recursos do governo federal.

“A vacina de Oxford irá trabalhar com insumos farmacêuticos vindo da China. O insumo farmacêutico é a farinha que faz o pão, ele é a base da vacina, um substrato básico. Hoje, no mundo, é quase impossível ter um produto feito 100% em um país, essa noção pertence ao passado.”

Torres também falou sobre a expectativa da liberação de uma vacina para uso em massa na população. Ressaltou que há no Brasil, atualmente, quatro medicamentos contra a covid-19 sendo desenvolvidos, mas que não se pode fazer previsão de datas nas quais estarão prontos.

“Todos esperam uma resposta sobre as vacinas no menor tempo possível, porém precisamos analisar as questões de segurança e eficácia. Depois dessas verificações, teremos no registro a análise da qualidade do produto e as certificações necessárias para seu uso em massa,” disse o presidente-diretor da Anvisa.

“Mesmo depois do registro, o trabalho da agência não vai parar. Vamos monitorar as etapas da vacinação. É um processo de médio e longo prazo, então não falamos em data.”

Impasse

O presidente Jair Bolsonaro afirmou à CNN Brasil na noite de quarta-feira (21) que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, não vai sair da pasta e que o governo federal não vai recuar da decisão sobre a compra da vacina chinesa CoronaVac.

“O ministro Pazuello não vai sair do governo. O que aconteceu foi um mal-entendido, mas isso não vai envenenar o nosso ambiente. Pazuello é meu amigo particular e ele é um dos melhores ministros da Saúde que o Brasil já teve”, ressaltou.

A declaração se deu após um dia de intensa discussão em reflexo de mensagens publicadas no perfil que o presidente mantém no Facebook.

“Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA”, escreveu Bolsonaro, se referindo à CoronaVac como “a vacina chinesa de João Doria”.

O presidente afirmou ainda que a população brasileira “NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM”. “Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, concluiu.

Pouco antes, em comentários a internautas em outra publicação na mesma rede social, Bolsonaro já havia dito que a vacina “não será comprada” pelo governo, revertendo anúncio feito na véspera pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

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