Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Tito Guarniere | 24 de fevereiro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Uma coisa é certa na manifestação do dia 25 de fevereiro convocada por Jair Bolsonaro: terá muita gente. Só de deputados virão mais de 100.
É sempre arriscado fazer previsão. Como sabemos, no Brasil até as previsões sobre o passado são difíceis de acertar. Mas vá lá. Confiram depois e duvido que seja muito diferente do que vou escrever.
Os oradores tentarão nos convencer de que estamos a caminho do comunismo. Isto é, para uma ditadura totalitária. Como diz um deles, dos mais notórios e bobalhões: a esquerda quer botar a direita em um paredão e atirar na testa de cada um. Será? Então porque cargas d’água nenhum direitista foi morto por ação dos governos de esquerda, no paredão ou fora do paredão, nos 14 anos de Lula e Dilma, e no primeiro ano de Lula III?
Não me apraz falar disso. Mas morreram de Covid milhares de pessoas de direita porque botaram fé no dogma bolsonarista, se trataram com ivermectina e cloroquina e se recusaram a tomar vacina. Conheci pessoalmente dois deles, de quem sabia o nome, sobrenome e endereço.
Também dirão que o país, sob o governo do PT, está entregue ao crime organizado. É verdade que os governos petistas são muito ruins no combate à criminalidade – para eles a delinquência é sempre e unicamente o resultado da pobreza, têm uma certa tolerância com os criminosos. O melhor exemplo é a Bahia, governada há 17 anos pelo PT, hoje em dia um estado que rivaliza com o Rio e São Paulo em estatísticas criminais. Não estranharei se no meio da multidão da Paulista aparecer um cartaz com o lema fascista “bandido bom é bandido morto”.
É certo que não mencionarão as estatísticas do primeiro ano de governo de Lula, as quais evidenciam uma redução de criminalidade, face ao ano anterior de Bolsonaro: 4,17% menos de crimes letais violentos, 9,78% menos de roubos de veículos, 11,06% menos de roubos de cargas. E aumento de 25% de apreensões de armas ilegais. O volume do som será elevado na hora em que se referirem à fuga de dois presos em presídio de segurança máxima.
Pouca coisa se dirá a respeito dos indicadores da economia. Se fosse pelo discursos de campanha era para o Brasil estar falido. Mas vai soar falso, porque o crescimento em 3% do PIB foi uma surpresa até para o mercado, sempre pessimista com Lula e o PT. A queda da taxa de desemprego – o menor desde 2014 –, a inflação sob controle, o aumento das reservas internacionais – isso não será tocado nem de leve.
Mesmo quando destacarem o déficit do Tesouro em 2023 de RS 230 bilhões de reais, convenientemente “esquecerão” de assinalar que a maior parte do rombo é herança de 2022, por conta das lambanças de Bolsonaro para se reeleger.
Por costume e má-fé, baterão de novo na tecla das urnas eletrônicas.. Uma pena que na hora ninguém possa contrapor, como o (neste caso insuspeito) coronel Mauro Cid, no celular recolhido pela Polícia federal, que nunca conseguiram uma única e miserável prova da fraude suposta.
Vai sobrar mais para o STF, TSE, Barroso, Toffoli e principalmente Moraes, que será chamado o tempo todo de Xandão. Vai sobrar para Dino, pelo que fez e pelo que ainda vai fazer.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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