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Brasil O eleitorado feminino se expande no País, mostra comportamento diverso do masculino e pode ser decisivo na disputa presidencial deste ano

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O presidente da mesa receptora de votos é autoridade máxima dentro da seção eleitoral. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Em 1988, os brasileiros aptos a votar somavam 75 milhões. Três décadas depois, esse contingente quase dobrou de tamanho, atingindo 147 milhões de pessoas. A velocidade de expansão, típica de um país em acelerado amadurecimento demográfico, não é o único fato notável dessa metamorfose.
Com o passar do tempo, o peso eleitoral das mulheres foi sobressaindo de maneira marcante.

Para cada grupo de 100 eleitores homens hoje equivale um conjunto de 113 brasileiras habilitadas ao voto. Há 30 anos, essa relação era de 100 para 97. Ou seja, o que era uma pequena vantagem numérica para eles transformou-se numa distância bem maior a favor delas.

Há 7.436.882 mais mulheres que homens no eleitorado. Com margem que correspondia a pouco menos da metade dessa cifra, a título de comparação, foi decidido o segundo turno presidencial em 2014.

Como explicação para esse descasamento entre sexos concorrem um fator natural — como mulheres vivem mais, sua proporção aumenta conforme a população envelhece — e um trágico — o altíssimo volume de homicídios no Brasil vitima sobretudo homens jovens.

Para as campanhas políticas, conquistar o apoio e combater a rejeição do eleitorado feminino torna-se, nesse quadro, uma meta cada vez mais decisiva. Não bastasse a escala da sua sobreparticipação no público votante, as mulheres também exibem comportamento diverso em relação aos homens.

De cada 100 eleitores do sexo masculino, segundo o Datafolha finalizado há uma semana, 20 afirmam não ter decidido em quem votar para presidente quando são indagados espontaneamente, sem que o pesquisador apresente a lista de candidatos. A fatia das mulheres indecisas (38%) é quase o dobro.

A rejeição das eleitoras tampouco se distribui do mesmo modo que a dos homens. De maneira geral, elas se mostram menos refratárias que eles a votar nos postulantes ao Planalto, com a exceção singular de Jair Bolsonaro (PSL).

O capitão reformado não seria escolhido, em nenhuma hipótese, por quase metade (49%) das mulheres consultadas na pesquisa. Isso equivale a 12 pontos percentuais a mais que a rejeição dos homens ao deputado federal pelo Rio.

Bolsonaro, que durante a sua carreira pública acumulou demonstrações de machismo desabrido, paga o preço pela sua brutalidade. Dificilmente será eleito se não conseguir minorar de modo perceptível a resistência feminina.

Se as mulheres lamentavelmente estão longe de conquistar posições na política proporcionais ao peso que detêm no eleitorado, sua prevalência entre os votantes já é suficiente para determinar o resultado do pleito presidencial num país enorme como o Brasil. Quando dizem sim e quando dizem não.

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