Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de junho de 2017
O doleiro Renato Chebar, um dos delatores da organização criminosa que seria liderada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), afirmou em depoimento, nesta quarta-feira (28), que o esquema de corrupção se revelou muito maior do que supunha. Chebar e seu irmão Marcelo são apontados como doleiros contratados por Cabral.
“Eu era só uma célula. Hoje vejo que o esquema era dez vezes maior”, disse o doleiro ao juiz Marcelo Bretas, responsável pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro. Os irmãos devolveram cerca de 100 milhões de dólares para os investigadores. Procurada, a defesa de Cabral não foi localizada.
Bretas questionou Chebar se Cabral tinha algum constrangimento com a movimentação do dinheiro no exterior, mas ele negou. “Era natural, era um negócio”, disse. Segundo ele, os recursos enviados para fora do País aumentaram consideravelmente quando Cabral se tornou governador, em 2007 – os doleiros administravam contas de Cabral desde 2000.
Os irmãos, que prestaram o primeiro depoimento à Justiça, relataram ainda que os recursos eram usados para pagar despesas pessoais dos envolvidos no esquema, como boletos de INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) de funcionários dos membros da organização.
O doleiro Marcelo Chebar, que também foi ouvido, disse ainda que tinham uma sala alugada em Ipanema, na Zona Sul do Rio, onde guardavam dinheiro de Cabral. O local mantinha os recursos enquanto outro doleiro não passava para coletar.
Marcelo afirmou ter deixado o País após delatar o esquema por medo. “Mexi com pessoas poderosas. Cabral foi governador duas vezes”, disse.
O seu irmão Renato afirmou que o seu maior erro foi ter aceitado Cabral como seu cliente. “A minha função era só transferir o dinheiro”, disse ao juiz, que rebateu que ele recebia para isso.
Renato Chebar disse ainda que se reunia com Wilson Carlos, ex-secretário de governo de Cabral, e Carlos Miranda, apontado como operador do esquema. Este último era o contato de Chebar com o grupo. Os dois também são réus em processos que investigam o esquema. Ele disse que conversava quase que diariamente com Miranda por meio de programas criptografados.
12ª denúncia
O Ministério Público Federal, no Rio, denunciou o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), o empresário Marco de Luca, Carlos Miranda e Carlos Bezerra, apontados como operadores financeiros de Cabral. O ex-governador e os operadores são acusados por corrupção passiva na área de alimentação e serviços especializados e Marco de Luca é suspeito de corrupção ativa e organização criminosa.
Sérgio Cabral foi acusado por 12 vezes na Lava-Jato: 11 pela força-tarefa do Rio e uma pela Procuradoria no Paraná.
Esta é a 11ª denúncia apresentada pela força-tarefa da Lava-Jato no Rio contra Sérgio Cabral. Nesta acusação, além da condenação pelos crimes tipificados, o Ministério Público Federal pede a reparação dos danos materiais causados, no valor mínimo de 16,7 milhões de reais, e a reparação por danos morais coletivos no valor de 33,4 milhões de reais.