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Por Redação O Sul | 25 de fevereiro de 2018
O som se assemelha ao de um caminhão em movimento, à queda de um raio em um lugar distante ou ao barulho de alto-falantes durante um show de música.
Às vezes vem, às vezes vai embora. Mas quem o escuta passa a sofrer de dores de cabeça, insônia, náuseas, irritação e fatiga. Ou, em casos mais graves, depressão.
“A pessoa simplesmente perde a capacidade de aproveitar seu tempo com a família. O ruído é muito penetrante. É muito difícil até mesmo assistir à televisão”, explica Mike Provost. “Esse é o tamanho do poder desse som.”
Provost é morador da cidade de Windsor, no Canadá, onde, desde 2011, algumas pessoas têm denunciado as consequências de um ruído misterioso.
Em referência à cidade, na fronteira com os Estados Unidos, o zumbido está sendo chamado de “Windson Hum”.
O intrigante fenômeno motivou alguns estudos para explicá-lo – mas nenhum conseguiu precisar exatamente a sua causa.
Para alguns moradores de Windsor, porém, se as causas não são conhecidas, suas consequências são perturbadoras.
“Imagine ter que fugir de tudo o que você conhece e ama simplesmente para ter a oportunidade de se afastar do zumbido”, escreveu Sabrina Wiese em um fórum online de pessoas afetadas pelo ruído, entre as quais algumas que consideram deixar a região por conta do problema.
“Vai e vem”
A população de Windsor é de cerca de 210 mil pessoas, mas só algumas pessoas sofrem com o zumbido. Autoridades e pesquisadores não têm um número preciso para o volume de afetados.
A cidade, na província de Ontario, está localizada na divisa com a cidade americana de Detroit – que tem uma população de 672 mil pessoas e é um grande centro industrial, principalmente de automóveis.
O rio Detroit divide as duas cidades.
“O ruído vai e vem durante o dia, mas é pior à noite”, explica Provost, um aposentado que administra o fórum de afetados na internet e já forneceu às autoridades algumas gravações do ruído.
“Percebemos que o clima influencia. Quando faz frio, o som tende a diminuir. Quando tem vento, ele sobe. Não sabemos de onde vem e o que o causa”, descreve.
Ao longo dos anos, os afetados pelo zumbido também perceberam que a altitude tem influência: quanto mais alto se está, mais se percebe o ruído.
Possível origem
Três pesquisas diferentes conseguiram apontar uma fonte mais provável para o fenômeno: a ilha Zug, pertencente à cidade americana de Detroit.
Em 2011, a Agência Geológica do Canadá confirmou, por meio de análises sísmicas, que o ruído em Windsor existe e tem origem mais provável na ilha.
“Os sinais registrados são consistentes com os zumbidos relatados na região de Windsor, em termos de tempo, duração e características”, conclui o relatório.
Um estudo da Universidade de Ontario Ocidental de 2013 também não conseguiu identificar uma fonte exata, mas sinalizou que as “possíveis fontes podem incluir escavações ou sistemas de ventilação industrial”.
O maior estudo sobre o zumbido, porém, veio em 2014 – feito por meio de instrumentos de medição acústica pela Universidade de Windsor.
A pesquisa assinalou como fonte mais provável o uso de fornos de alta potência na ilha Zug pela empresa de metalurgia United States Steel Corp.
“Essas conclusões são reforçadas pela natureza periódica do ruído, que foi observado e medido pelos investigadores”, diz o estudo.
Gary Wheeler, da Secretaria de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas de Ontario, Estado canadense, disse que por ora não há planos para novos estudos sobre o “Windson Hum”.