Sábado, 08 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2017
O ex-diretor de Inteligência sob a administração de Barack Obama, James Clapper, disse estar preocupado com a ideia de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poder decidir sozinho sobre um ataque nuclear.
“Realmente me questiono sobre sua capacidade, sua aptidão para ocupar esta função e começo a me perguntar sobre suas motivações”, afirmou Clapper nesta quarta-feira (23) na CNN, onde intervém como analista.
Seus comentários foram feitos em reação ao comício de Donald Trump na noite de terça-feira (22) em Phoenix, Arizona, durante o qual atacou a imprensa e senadores de seu próprio partido durante um longo e incoerente discurso.
“Pode representar” uma ameaça à segurança nacional, acrescentou o ex-funcionário do governo de Obama. “Me preocupa que tenha acesso aos códigos nucleares”, declarou.
“Se tiver um acesso de raiva, decidir fazer algo contra Kim Jong-UN, não há muito a fazer para impedir”, assinalou Clapper. “O sistema foi concebido para permitir uma resposta rápida em caso de necessidade. Há poucos freios à ativação nuclear, o que é aterrorizante”, disse.
Designado por Barack Obama, James Clapper, 76 anos, comandou os Serviços de Inteligência de 2010 a 2017.
Planos militares
Trump afirmou que não irá mais revelar detalhes de planos militares do país. Durante um pronunciamento feito na noite de segunda-feira (21), em Fort Myer, Virginia, ele afirmou que “não diremos quando iremos atacar, mas atacaremos”. Mais cedo, emissoras de TV e agências de notícia afirmaram que o presidente anunciaria o envio de mais 4 mil soldados ao Afeganistão, mas ele não mencionou números.
Trump afirmou que sua nova estratégia inclui não anunciar números e planos militares, incluindo em relação ao Paquistão. Ele disse ainda que seu primeiro instinto foi retirar as tropas americanas do país, mas avaliou que “as ameaças à segurança que enfrentamos no Afeganistão e na região são imensas”. Além disso, argumentou, uma retirada rápida seria “previsível e inaceitável” e criaria um vácuo que seria preenchido por militantes, a exemplo do que aconteceu no Iraque com o Estado Islâmico.
Trump disse também que “o povo americano está cansado de guerra sem vitória” e enviou uma mensagem ao Paquistão, a quem acusou de oferecer abrigo seguro a “agentes do caos, violência e terror” com frequência. Segundo ele o país “tem muito a ganhar” caso se torne um parceiro dos esforços americanos no vizinho Afeganistão, e “muito a perder abrigando criminosos”.
“Nenhuma parceria pode sobreviver a um país abrigando militantes. É hora de o Paquistão demonstrar comprometimento com civilização, ordem e paz”, afirmou, acrescentando que os EUA não podem mais ficar em silêncio em relação ao abrigo seguro que o país fornece a “organizações terroristas, ao Talibã e outros grupos que oferecem ameaças à região e além”.
Ainda sobre sua nova abordagem em relação ao Afeganistão, Trump disse que os Estados Unidos não irão mais tentar “construir países à sua imagem”, e que continuarão oferecendo apoio ao governo afegão, mas que cabe à população do país assumir o controle sobre seu futuro. (AFP e AG)