Segunda-feira, 06 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de fevereiro de 2019
O ex-deputado Jean Wyllys marcou presença na sessão de gala de “Marighella”, no Festival de Berlim. Celebrado pela equipe técnica e o elenco com aplausos ao chegar na festa após a exibição, ele cumprimentou o diretor Wagner Moura com um “selinho”.
Foi a primeira aparição pública de Jean após ele desistir de um novo mandado por temer sua por segurança. Wyllys divulgou no fim de janeiro a decisão de se afastar do mandato, e do País, após receber repetidas ameaças de morte, inclusive destinadas a membros de sua família.
No tapete vermelho sessão de gala, na noite desta sexta-feira, Wagner Moura e a equipe do filme exibiram a placa que leva o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, como nome de rua. E após a exibição do filme, gritaram, em coro, o nome da política. Havia também cartazes com a hashtag #mariellepresente em referência à vereadora assassinada Marielle Franco.
“Marighella”, a cinebiografia do guerrilheiro brasileiro, recupera a memória do político e poeta biano, símbolo da resistência política contra a ditadura militar (1964-1985).
Livremente inspirado na biografia do jornalista Mário Magalhães lançada em 2012, “Marighella” cobre os últimos anos de vida do ativista, que aderiu à luta armada considerando ser o último recurso para lutar contra um regime autoritário.
Quase incógnito
Fontes ouvidas pela reportagem confirmam que ele estava misturado entre o público e permaneceu relativamente incógnito. Ao final da exibição, a equipe do filme subiu ao palco para os agradecimentos e Wagner Moura entoou um grito em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco, mas não fez referência à presença de Wyllys ali.
O ex-deputado de fato está na Alemanha e deve dar uma palestra, na próxima segunda (18), num centro cultural de Berlim.
Em 24 de janeiro, o então parlamentar anunciou que abriria mão de seu terceiro mandato. Na ocasião, o deputado do PSOL eleito com 24.295 votos revelou que não pretendia voltar ao Brasil e se dedicaria à carreira acadêmica.
Desde o assassinato da sua correligionária Marielle Franco, em março do ano passado, Wyllys vive sob escolta policial. Com a intensificação das ameaças de morte, comuns mesmo antes da morte da vereadora carioca, o deputado tomou a decisão de abandonar a vida pública.
“O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: ‘Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis’. E é isso: eu não quero me sacrificar”, justificou.
À época, Wyllys disse que também pesaram em sua resolução de deixar o País as recentes informações de que familiares de um ex-PM suspeito de chefiar milícia investigada pela morte de Marielle trabalharam para o senador eleito Flávio Bolsonaro durante seu mandato como deputado estadual pelo Rio de Janeiro.
“Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário”, afirma Wyllys. “O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim.”