Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de julho de 2017
O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque abriu mão de R$ 75,42 milhões (20 milhões de euros) que ganhou em propinas de empreiteiros. Ele mantinha a fortuna – já bloqueada – depositada em conta secreta no Principado de Mônaco. Em petição ao juiz federal Sérgio Moro, a defesa de Duque renunciou aos ativos.
“Renuncia a todo e qualquer direito sobre os valores depositados nas contas bancárias na Suíça Banco Cramer (Contas Satiras Stiftung – Drenos Corpotarion) e em Mônaco no Banco Julius Baer (Pamore Assets INC e Milzart Overseas Holdings INC); as contas que mantém no exterior em nome das off-shores Milzart Overseas e da off-shore Pamore Assets, no Banco Julius Baer, no Principado de Mônaco, com saldo de cerca de 20.568.654,12 euros”, afirmou o ex-diretor por meio de sua defesa.
Na petição, Renato Duque “autoriza, expressamente, a repatriação de todos esses valores”.
“Requer que o D. Juizo oficie o Ministério Público Federal para que dê início aos procedimentos da referida repatriação”, solicitou. “O requerente manifesta seu interesse de continuar colaborando com todas as investigações das quais tenha conhecimento de fatos relevantes sobre a Petrobras.”
Duque foi preso na Operação Lava-Jato em fevereiro de 2015.
Propina
Renato Duque disse desconhecer repasses de propina para Roberto Gonçalves, ex-gerente na diretoria de serviços. Gonçalves sucedeu Pedro Barusco – delator na Lava-Jato que devolveu quase US$ 97 milhões em contas secretas no exterior após fechar acordo de delação premiada. Duque afirmou, nesta quinta-feira (6), em depoimento ao juiz Sérgio Moro que, ao contrário de Barusco, Gonçalves nunca foi seu intermediário para pagamentos de propina.
Também delator, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, já havia relatado à Lava-Jato que Gonçalves herdou as propinas recebidas por Barusco após assumir o cargo. Pessoa contou ter pago propina para o ex-gerente por meio do operador Mário Goes. O empresário afirmou que Gonçalves recebeu R$ 300 mil num bar no Centro do Rio de Janeiro.
Condenado a 57 anos, Duque conseguiu reduzir sua pena para 5 anos de prisão. Moro concedeu o benefício após o ex-diretor confessar crimes e ter se comprometido a devolver 20 milhões de euros em contas em Mônaco. (AE e AG)