Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de dezembro de 2018
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) decidiu colaborar com a força-tarefa da Operação Lava-Jato e realizar uma delação premiada junto ao MPF (Ministério Público Federal) e à PGR (Procuradoria-Geral da República).
Por esse motivo, o advogado Rodrigo Rocca, que fazia a sua defesa desde novembro de 2016 (quando o ex-governador foi preso acusado de chefiar um esquema de corrupção que desviou mais de R$ 210 milhões dos cofres públicos) optou por se desligar do caso.
“Vou deixar a defesa sim”, confirmou. “Não compactuo e não atuo em delações, premiadas ou não. Mas não houve desentendimento e sim, um consenso sobre a necessidade da minha saída para ingresso de outro colega”, declarou Rocca em entrevista à imprensa nesse domingo.
Em setembro, durante conversa com jornalistas, ele já havia avisado não defenderia mais o ex-governador se o seu cliente aderisse a um acordo de colaboração. O advogado ainda criticou, na mesma oportunidade, o que classificou de “banalização do instrumento de delação” na Lava-Jato e atacou o papel da imprensa no tratamento dado ao processo.
Substituto
De acordo com o jornal “O Globo”, a partir de agora a defesa de Cabral será feita pelo advogado João Bernardo Kappen, que teria recebido uma procuração para organizar as tratativas voltadas para a colaboração premiada com o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e com a Procuradoria-Geral da República.
As conversas com os procuradores federais, inclusive, já teriam começado. Procurada, a assessoria de imprensa do MPF no Rio de Janeiro não confirmou, entretanto, se uma negociação de delação premiada estaria em curso.
Colaboração
A expectativa é de que, ao contar o que sabe, Sérgio Cabral – que exerceu dois mandatos consecutivos de 2007 a 2014 – comprometa figuras do alto escalão do Judiciário fluminense e do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
No dia 14, em seu mais recente depoimento ao juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos julgamentos em primeira instância da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, Cabral optou por permanecer em silêncio. Segundo interlocutores, a atitude indica uma mudança de estratégia, já que o ex-governador sempre respondeu às perguntas ao ser interrogado pelo MPF.
Somadas, as suas condenações chegam a quase 200 anos. Cabral, no entanto, nega o recebimento de propina e o favorecimento de empreiteiras para a realização de obras públicas. Ele tem admitido contudo, o recebimento de caixa 2.