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Por Redação O Sul | 21 de agosto de 2018
O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, foi denunciado pela 25ª vez na Operação Lava-Jato. Dessa vez, ele é acusado de receber 78,9 milhões em propina da Odebrecht. A denúncia reúne elementos apurados nas operações Calicute, Eficiência e Tolypeutes, realizadas pela força-tarefa da Lava-Jato no Rio de Janeiro. As investigações apontam, segundo o MPF (Ministério Público Federal), a existência de uma organização criminosa estruturada no governo estadual durante a gestão de Cabral.
Os procuradores contaram ainda com os elementos trazidos na colaboração premiada firmada por executivos da Odebrecht no STF (Supremo Tribunal Federal) e os acordos de colaboração e leniência das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia. Constam ainda da investigação, os depoimentos dos doleiros que operavam para Cabral. A denúncia será analisada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, que decidirá se o ex-governador se tornará réu pela 25ª vez.
Logo após assumir o governo em 2007, o ex-governador e o então secretário estadual de Governo, Wilson Carlos Carvalho solicitaram à Odebrecht o pagamento de uma mesada no valor de R$ 1 milhão. Ainda houve pagamentos de propina nas obras de urbanização na comunidade do Alemão – PAC Favelas, construção do Arco Metropolitano (Lote 1), reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 e construção da Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro.
O MPF aponta como pagamentos irregulares:
– R$ 8.596.800,00 pelas obras do PAC Favelas – Alemão e Arco Metropolitano;
– R$ 8,5 milhões pela reforma do Maracanã;
– R$ 59,2 milhões pelas obras da Linha 4 do metrô;
– R$ 1.482 milhões ao então secretário de Obras, Hudson Braga.
Esses valores tratam de propinas recebidas entre o primeiro semestre de 2007 e novembro de 2014. Neste período, o ex-governador Cabral, de acordo com o MPF, solicitou vantagens indevidas à Odebrecht equivalente a essas obras.
“Os registros feitos no sistema da Odebrecht (Drousys) e dos colaboradores têm origem absolutamente autônoma e se complementam, na medida em que, em muitas oportunidades, apontam a mesma operação”, informam os procuradores que assinam a 25ª denúncia contra o ex-governador.
Além de Cabral, foram denunciadas outras quatro pessoas: o ex-secretário de Governo Wilson Carlos, o ex-secretário de Obras Hudson Braga, Wagner Jordão (apontado como operador financeiro de Hudson Braga) e o ex-diretor da Rio Trilhos Heitor Lopes de Sousa Júnior. Todos são acusados pelo crime de corrupção passiva, por recebimento de propina da Odebrecht.
De acordo com a denúncia, os pagamentos de propina eram realizados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Nas planilhas de registro da empreiteira, Cabral era identificado com o codinome Proximus.
Na ação, o MPF quer que os acusados devolvam aos cofres públicos valor em dobro que supostamente receberam de propina da Odebrecht.
“A denúncia é inepta. O ex-governador já foi julgado por esses mesmos fatos. O MPF já não se contenta em fatiar a mesma causa em vários processos, agora também duplica a acusação em feitos distintos. Vamos pedir ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região que bloqueie a ação repetitiva”, informou o advogado Rodrigo Rocca, que defende o ex-governador.